Evangelho Diário
01 maio – Mt 13, 54-58
Jesus vai a Nazaré, sua cidade, e lá ensina na sinagoga. Seus conterrâneos se admiram de sua sabedoria, e perguntam sobre onde ele aprendeu tudo aquilo. Eles ficam admirados, mas também desconfiados, ao se lembrarem de onde ele é e quem são seus familiares, passam a se escandalizar de tudo aquilo. Encerraram seu olhar naquilo que conheciam, e não permitiram com que a admiração inicial os levasse para uma contemplação mais profunda sobre quem é Jesus. Às vezes vivemos a fé deste modo. Ficamos admirados sobre Jesus, mas não permitimos que nosso olhar o veja mais profundamente e acabamos por viver a fé de modo muito superficial. Buscamos o que Deus pode fazer por nós, mas nem sempre o buscamos, queremos as obras, mas não nos abrimos aquele que faz as obras.
Peçamos hoje ao Espírito Santo que nos conduza ao encontro com o Senhor e reinflame em nós a fé, para buscarmos o Senhor com todo nosso coração. Hoje também, dia de São José operário, peçamos sua intercessão por todos os trabalhadores e trabalhadoras. Rezemos também por tantos irmãos e irmãs desempregados, que todos os dias saem de casa à procura de trabalho, para sustentarem e dar dignidade às suas famílias.
São José operário, rogai por nós.
Deus abençoe vocês.
02 de maio – Jo 15, 9-11
No Evangelho de hoje, Jesus começa nos lembrando do seu amor por nós: <<como o Pai me amou, também eu vos amei>> e nos chama a <<permanecer no amor>>, observando os seus mandamentos. Nos lembramos que os mandamentos de Cristo se resumem em amar a Deus e ao próximo. Nem só a Deus, nem só ao próximo, mas a Deus e ao próximo, como único e maior mandamento. Este é o plano de vida de todo cristão. Todo nosso esforço para viver com coerência nossa fé tem como critério o amor e seus muitos desdobramentos, sobretudo naqueles gestos mais simples, que não fazem muito barulho, mas que tem grande potência. Podemos nos perguntar: como posso amar a Deus e ao próximo hoje? De que maneira poderei permanecer no amor durante este dia? Quais são os gestos que demonstrarão que tenho permanecido no amor do Senhor?
Pra viver no amor de Cristo é preciso uma pitada de ousadia, coragem e também criatividade.
Deus te bençoe.
03 de maio – Jo 14, 7-14
O apóstolo Filipe, ouvindo Jesus falar do Pai, pede: <<Senhor, mostra-nos o Pai>>. A resposta de Jesus é clara: <<quem me vê, vê o Pai>>. Jesus é a imagem do Pai, seu amor radical é a transparência do coração do Pai.
Mas o diálogo continua. Jesus fala de sua comunhão com o Pai e das obras que ele faz, porque está no Pai. Do mesmo modo fala daqueles que acreditam nele. Ele está no Pai e nós estamos nele. Quem acredita em mim fará obras maiores do que as minhas, diz o Senhor.
Podemos hoje nos perguntar a partir do que disse Jesus sobre sua comunhão com o Pai <<quem me viu, viu o Pai>>. Quem nos vê, vê quem? Em nós é possível ver o Senhor?
04 maio- Jo 15, 18-21
<<Mas porque não sois do mundo, porque eu vos escolhi e apartei do mundo, o mundo vos odeia>>Não somos do mundo, diz o Senhor. Não é que somos de outro lugar, ou que devemos viver desconectados da realidade. Não ser do mundo significa não partilhar da lógica do mundo, mas iluminar o mundo com lógica de Jesus, ou seja, se o mundo normaliza a violência, a lógica cristã nos convida à paz, se o mundo normaliza a indiferença, o cristão deve ser como Cristo, e ter olhos abertos para o outro, se aproximar, estender a mão, cuidar. Se no mundo, sucesso é ter dinheiro à todo custo e viver a lógica do mercado, inclusive nas relações humanas, para o cristão, sucesso deve ser a busca da fraternidade, onde o mais frágil não é descartado, mas amparado. Não somos do mundo, mas estamos no mundo, como diz Jesus, pra sermos sal da terra e luz. Que Deus no dê essa graça no dia de hoje, de fazermos a diferença na vida de alguém, testemunhando que somos de Cristo.
05 maio – Jo 15, 9-17
<<Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei>>. Domingo, dia do Senhor. A palavra de Jesus hoje nos chama à centralidade da vida cristã: amar. Mas não amar segundo nossos critérios. Jesus é claro: <<como eu vos amei>>. Ele amou o leproso, que deveria ficar isolado, tocou nele e o curou. Ele amou os pecadores, pessoas que eram mal-vistas, fazendo refeição com eles. Ele amou a mulher surpreendida em adultério e enquanto todos estavam com pedras nas mãos, pra fazer cumprir a lei, ele não a condenou e restaurou sua dignidade. Ele amou a ovelha que se perdeu, e deixou as noventa e nove para buscar a perdida…ele amou até o extremo da cruz, oferecendo sua vida por amor a nós. Que o Espírito Santo nos fortaleça no caminho do amor, e renove o nosso coração, pra que o nosso modo de amar, seja transformado no modo de amar de Jesus.
06 maio – Jo 15, 26 – 16,4
<<Quando vier o Defensor, que vos enviarei do Pai, o espírito da verdade que procede do Pai, este testemunhará a meu respeito. Também vós testemunhareis, porque desde o princípio estais comigo>>. Junto do Pai, Jesus promete enviar o Espírito Santo, o Defensor, para que, no caminho da vida, buscando viver seu Evangelho, possamos contar não somente com nossas forças e capacidades humanas, mas também com sua presença constante a nos conduzir e iluminar, fortalecendo nossos passos na busca por uma vida coerente com a fé que professamos. Comece sempre seu dia pedindo as luzes do Espírito Santo, pra que em todas as coisas, você possa contemplar a atuação de Deus, que nunca nos abandona e nem desampara.
07 maio – Jo16, 5-11
<<Se eu não partir, o Defensor não virá a vós>>. Jesus fala aos discípulos sobre sua partida para o Pai, mas os assegura de que eles não ficarão sós. Deus não abandona, não nos deixa à própria sorte, mas é presença constante e segura. Pode ser que em alguns momentos da vida a gente não consegue perceber sua presença, sobretudo nos momentos de tristeza e dor, mas é exatamente nesses momentos que ele atua de maneira extraordinária e que só depois que a tempestade passa é que nos damos conta de que não estávamos sós. Pir isso, no meio da tempestade, mesmo sentindo que ninguém ouve sua voz, não deixe de clamar pelo Senhor. Ele é o nosso defensor, é ele quem nos sustenta e ampara.
08 maio – Jo 16, 12-15
<<Quando vier o Espírito da verdade, este vos conduzirá em toda verdade>>. O Espírito Santo continua a obra de Jesus. O Evangelho é vivo e para vive-lo contamos com a assistência do Espírito Santo, que nos conduz a seguir os passos de Jesus nas mais diversas circunstâncias da vida. O cristianismo não é um elaborado de ideias que somente com nosso esforço humano procuramos colocar em prática, mas é vida em Deus, é comunhão com Ele, é relação que nos conduz para fora, para o encontro com o outro, para o testemunho daquilo que com ele experimentamos.
Que o Espírito Santo nos inspire hoje a vivermos a verdade do Evangelho de Cristo, amando como ele nos ama.
09 maio – Jo 16, 16-20
<<a vossa tristeza se transformará em alegria>>. Os discípulos interrogam Jesus sobre sua partida. Certamente, a possibilidade de continuar a vida sem a presença de Jesus os deixavam amedrontados e tristes. No entanto, a promessa do envio do Espírito Santo é a garantia da permanência dele no meio dos seus. Com Deus, a tristeza não é para sempre, as dores que nos acometem não são permanentes, e a morte não é ponto final. Ele permanece sempre ao nosso lado e como diz o apostolo Paulo na carta aos Romanos, nada poderá nos separar do amor de Cristo.
10 maio – Jo 16, 20-23
<<ninguém vos poderá tirar a vossa alegria>> Nas tribulações nem sempre somos capazes de vislumbrar o seu fim. Parece que somos engolidos por aquelas realidades que nos fazem sofrer. Quantos de nós, no meio das dificuldades, não conseguimos ver luz no fim do túnel. Mas Jesus nos assegura <<vossa tristeza se transformará em alegria>>. Pode ser que na dureza das coisas a gente não consiga se agarrar a esta palavra do Senhor, mas, mesmo assim, a sua promessa nos alcançará. Os grandes santos viveram grandes tribulações. Também tiveram dúvidas como nós, mas no final das batalhas, se deram conta, que mesmo na solidão e aridez do deserto, Deus os acompanhava. Às vezes, a potência da fé se revela quando nos sentimos mais frágeis.
11maio – Jo 16, 23-28
<<pedi e recebereis>>. No evangelho de hoje, Jesus nos exorta a elevar ao Pai uma prece sem seu nome <<o que pedirdes ao Pai em meu nome ele vos dará>>. Na mentalidade semítica, o nome traz consigo o poder da pessoa representada. Mas Jesus vai além e nos revela o coração do Pai <<o Pai vos ama>>. Ou seja, nós pedimos na força do nome de Jesus, e somos atendidos pelo Pai na força do seu amor por nós. De fato, quem nos ama conhece nosso coração e nossas necessidades. Deus nunca é indiferente a nós e não há nada que nos aconteça que Ele não saiba e como Pai nos estende sempre sua mão, para nos sustentar, nos encorajar, pra nos levantar quando caímos. Por isso, nunca se esqueça, há um Pai que nos ama cuida de nós.
12 maio Mc 16, 15-20
Hoje, domingo, dia do Senhor, a Igreja celebra a Solenidade da Ascenção do Senhor ao céu. Estamos nos aproximando do fim do tempo pascal. Jesus ressuscitado passou pelos nossos caminhos e nos reacendeu a fé. <<Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura>>
13 maio Lc 11, 27-28.
No evangelho de hoje mostra Jesus no meio da multidão ensinando. As pessoas estão assustadas e entusiasmadas com as palavras e os sinais realizados por Jesus. Do meu da multidão uma mulher grita <<feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito>> e Jesus responde <<Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática>>. Maria é a bem aventurada que carregou Jesus no seu ventre o amamentou, e também é aquela que ouviu a Palavra de Deus e a praticou fielmente. Ela é mãe e discípula de Jesus. Com seu sim, acolheu a vontade de Deus, que olhou pra pequenez de sua ser e a tornou bendita entre todas as mulheres. Nas bodas de Caná, Maria atenta, percebeu que na festa faltava vinho, sinal de alegria e esperança e hesitou em recorrer ao seu Filho, como intercessora dos desesperançados, dos sem alegria, pedindo o vinho novo pra que a festa pudesse continuar e pra que a vida pudesse ser refeita com a presença de Jesus. Aos pés da cruz Maria nos é dada como mãe e nós nos tornamos seus filhos. Do céu ela nos acompanha e quando nos perdemos pelo caminho, ela nos aponta seu Filho. Quando nos falta o vinho, ela intercede por nós a Jesus. Quando o mal nos rodeia, ela pisa na cabeça da serpente e dispersa o dragão, nos protegendo e cuidando com sua presença materna. Nós a invocamos com tantos nomes, hoje a invocamos como Senhora de Fátima, mas em todos os nomes, uma só é a mãe de Deus e nossa mãe.
14 maio – Jo 15, 9-17
Hoje a Igreja celebra a festa do apóstolo Matias, que foi escolhido para assumir o lugar de Judas, que foi o traidor de Jesus, conforme nos narra os Atos dos Apóstolos. No evangelho de hoje, Jesus diz aos apóstolos <<Já não vos chamo servos […], eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu pai>>. A essência da amizade é a intimidade. No livro do Esclesiastes diz que <<quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro>>. Vejam a grandeza do que diz Jesus aos seus discípulos e também a nós que somos hoje seus seguidores. Ele encontrou em nós um tesouro precioso.
15 maio – Jo 17, 11-19
No capítulo 17 do Evangelho segundo João, Jesus eleva ao Pai uma bonita prece por seus discípulos e também por nós, seus seguidores e seguidoras deste tempo. O primeiro pedido é para que vivamos em unidade, em comunhão, pois ele mesmo, com o Pai e o Espírito, vive em eterna comunhão, e aqueles que o seguem não podem seguir outro caminho senão este. Comunhão não é sinônimo de uniformidade. É um erro pensar que a comunhão se dará quando todos pensarem do mesmo modo, agirem da mesma forma, quando não houver mais discordâncias, pluralidade de ideias. Não! Comunhão acontece na pluralidade, entre os diferentes que têm um propósito e uma motivação comum. Assim deve ser a Igreja. Somos muitos, somos tão diferentes, mas nos reunimos em torno do amor de Deus e procuramos trilhar este caminho, anunciando o Reino de Deus. Pensemos também em nossas famílias. Como somos diferentes, e que bom que somos diferentes! Mas temos o amor que nos une. Nestes tempos polarizados, as ideologias querem nos fazer acreditar que o diferente tem que ser eliminado, colocado pra fora. Mas os que vivem no amor, e somente os que vivem no amor, sabem que a beleza do amar esta exatamente em amar o outro, o diferente de mim, o que soma comigo.
Que o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho, nos enriqueça com sua presença, pra que possamos irradiar o amor e nos conectar, construir pontes e derrubar os muros.
16 maio Jo 17, 20-26
Ontem falávamos sobre a unidade na diversidade, conforme a oração de Jesus ao Pai por nós. A unidade pela qual Jesus reza tem um alcance mais amplo e deverá ser para o mundo um testemunho de que estamos em Deus. Se buscamos a unidade, se procuramos viver em comunhão, testemunharemos não apenas que nos amamos no amor de Cristo, mas que pertencemos a ele. Comunhão não é um capricho nosso, mas um testemunho. É o modo como Jesus deseja que vivamos a fé. Talvez seja mais fácil cada um viver a sua fé isoladamente, ou como está na moda dizer, eu rezo em casa, eu e Deus…Talvez este seja um caminho com menos conflitos, mais cômodo, mas sem dúvidas, não é o caminho da fé cristã. Aliás, um dos elementos mais importantes da fé cristã católica é a mesa da Eucaristia, onde os irmãs e irmãs partilham do Corpo e Sangue do Senhor. Ao redor da mesa tem lugar para todos, indistintamente, porque o Amor de Cristo nos uniu.
17 maio Jo 21, 15-19.
Jesus pergunta 3 vezes a Pedro: Tu me amas? Nas duas primeiras vezes Pedro responde de pronto: sim, senhor, tu sabes que eu te amo. Porém Jesus insiste e pergunta uma terceira vez: Tu me amas? Pedro fica triste. Certamente se recorda das três vezes que negou Jesus. Mas não deixa a tristeza lhe abater e responde mais uma vez: Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo. Nosso amor a Jesus passa pelas nossas fragilidades, inconsistências, pelos nossos pecados…às vezes nossa relação com Ele esfria, fica distante…mas nada disso pode apagar a força do amor. Pedro faz memória das vezes que traiu Jesus, mas também se recorda do quanto a ama e do quanto é amado por ele, por isso, vence a tristeza a afirma seu amor: Senhor, tu sabes tudo, conhece meu coração, sabe das vezes que te fui infiel, conhece os meus pecados, e mesmo assim me ama. Eu, embora tão frágil, e às vezes parecendo não te amar, digo com todo meu coração, tu sabes que te amo.
18 maio Jo 21, 20-25
O evangelho da liturgia de hoje é a conclusão do Evangelho segundo João. Termina falando sobre as muitas coisas que Jesus fez e que foi testemunhado pelos seus discípulos, mas que não cabem naqueles escritos. De fato, os evangelhos testemunham a nós aqueles fatos essenciais a nossa fé, mas não pretendem encerrar a ação de Deus naqueles fatos. O Ressuscitado continua a agir no mundo através do Espírito Santo, que é o Dom de sua presença perene entre nós. É ele que nos sustenta na fé, que conduz nossos passos nos caminhos do Evangelho de Jesus, para que, atentos a sua Palavra, e iluminados pela sua presença, possamos testemunhar ao mundo que Ele está no meio de Deus! Vinde Espírito Santo, e enchei o coração dos vossos fiéis.
19 maio <<Pentecostes>> Jo 20, 19-23
<<Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo>>
No livro do Gênese, depois de modelar o homem do pó da terra, Deus sobra em suas narinas o hálito de vida, pra que o homem se tornasse um ser vivente. Na nova criação, todos nós renascemos em Cristo ressuscitado e sobre nós ele sobra o Espírito da vida, para que sejamos seres viventes, pra que a vida prevaleça em nós e para que tudo o que remete a morte seja dissipado. Neste dia em que celebramos a festa de Pentecostes, suplicamos a Deus que envie sobre nós o seu Espírito e nos enriqueça com os sete dons: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus. Vinde Espírito Santo!
20 maio Mc 9, 14-29
<<Tenho fé, mas ajuda a minha alta de fé>>
Um pai leva a Jesus seu filho <<com um espírito mudo>> desde o nascimento, que o faz o menino se jogar no chão, espumar e ranger os dentes. Ele vai a Jesus, mas antes tinha ido aos discípulos que não conseguiram expulsar este mal. O homem pede a Jesus: se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajude>> Jesus se mostra inconformado com o condicionante do pedido <<se podes>> e afirma a força da fé para quem crê. O homem pede que Jesus socorra sua incredulidade…Quem nunca confiou desconfiando? De fato, às vezes nos sentimos fracos na fé, mas como o homem do evangelho, podemos sempre pedir ao Senhor que nos socorra quando a fé nos parecer pequena, insuficiente.
21 maio Mc 9, 30-37
<<Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos>>
Pelo caminho os discípulos discutiam sobre quem seria o maior entre eles. Jesus se senta, como o mestre, chama os doze para uma conversa e os ensina: Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos. Em Jesus, a lógica do poder se inverte. Pra ser grande, é preciso ser servidor, é preciso escolher os últimos lugares. Madre Tereza dizia: Eu quero o último lugar, pois ninguém briga por ele. Nossa mania de grandeza, de sucesso e poder pode nos cegar. Pode nos impedir de experimentar a vida nos pequenos detalhes, de admirar as coisas simples, e também pode nos cegar para o outro. Jesus, depois de ensinar os discípulos, coloca no meio deles uma criança e diz que quem acolher uma criança em seu nome estará acolhendo a ele. A criança é o símbolo do pequeno, frágil, daquele que precisa de cuidados. É também símbolo daqueles que não podem retribuir, que não nos trará vantagem.
Pedimos hoje ao Senhor, que transforme nosso coração, para que ele se torne semelhante ao seu coração, para que sejamos capazes de amar como ele ama e viver como ele vive.
01 de junho – Mc 11, 27-33
<<Com que autoridade fazes essas coisas>>
Jesus está no Templo de Jerusalém. Lá ele denuncia a profanação do lugar sagrado, expulsa os vendedores, os cambistas e diz que aquela casa não pode ser um covil de ladrões, de interesses humanos mesquinhos, mas lugar de oração, de encontro com Deus. Incomodadas, as autoridades judaicas lhe perguntam sobre de onde vem sua autoridade para fazer aquilo. Jesus percebe a astúcia maldosa deles e lhes responde com outra pergunta. Eles se veem encurralados e não sabem como responder.
Ao maldoso, nenhuma resposta será suficiente para mudar sua concepção sobre nós, pois ele não quer saber a verdade, mas corroborar sua impressão. A esse, não vale a pena nenhuma explicação. Não gaste seu discurso com quem não quer te escutar, mas vive apegado às suas próprias concepções. Jesus ensina que não se deve pagar o mal com o mal, mas também ensina que não se deve dar pérolas aos porcos.
02 junho – Mc 2, 23- 3,6
<<É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?>>
Jesus entra na Sinagoga e lá encontra um homem com a mão seca, paralisada. As autoridades judaicas ficam à espreita, pra verem se Jesus iria curá-lo. Era sábado, dia sagrado para o judaísmo, no qual não se podia fazer nenhum tipo de trabalho. Jesus percebe os olhares que o espreitam. E faz uma pergunta cuja resposta é constrangedora para os legalistas: É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida de um homem ou deixá-lo morrer? Pode a Lei religiosa estar acima da dignidade da vida? A resposta é inequívoca, mas ainda há quem subverta esta lógica divina e humana sobre a lei religiosa e transforma a fé num fardo bastante pesado. Que Deus nos dê discernimento e sensibilidade, pra não cairmos na tentação do legalismo desumano e pagão, pensando estar agradando a Deus.
03 junho – Mc 12, 1-12
<<A pedra que os construtores deixaram de lado, tornou-se a pedra mais importante>>
Jesus fala às autoridades judaicas usando parábolas. A parábola dos vinhateiros homicidas reflete sobre a sua situação diante daqueles que o querem destruir e calar, ou seja, as autoridades religiosas, aqueles que o escutavam. A parábola fala do dono de uma vinha que a colocou aos cuidados de alguns agricultores. No tempo da colheita o dono mandou um dos seus empregados buscar alguns frutos, mas os agricultores o agrediram e mandaram de volta ao dono. Depois de algumas tentativas, o dono mandou então seu próprio filho, que também foi maltratado e morto por eles. Esta parábola é uma denúncia de Jesus contra o modo como se era conduzida a religião no seu tempo. Rejeitaram os profetas e agora querem também eliminá-lo, com de fato o fizeram, porque não prestam realmente culto a Deus, nem se deixam tocar por ele, mas fazem da religião um instrumento de submissão e controle. Qualquer voz que se levante chamando para uma reflexão sobre o que se está fazendo, deve ser logo calada. Como é perigoso para uma religião perder o seu norte, e se entranhar por caminhos contrários ao seu sentido original. Nós cristãos católicos devemos ter sempre diante de nós Jesus Cristo, como critério irrenunciável, pra que não transformemos o caminho de salvação que o Senhor nos concedeu, num caminho de perdição.
04 junho – Mc 12, 13-17
<< Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus>>.
Dois grupos se unem e vão até Jesus para lhe fazer uma pergunta: os fariseus, que se opunham ao domínio do Império Romano e os partidários de Herodes, que estavam a serviço do Império. Dois grupos que se opunham, mas que para tentar pegar Jesus se uniram. A pergunta era sobre o pagamento do imposto a César, o governador. É lícito ou não? Jesus percebe a hipocrisia deles. Eles não estavam interessados em debater o assunto, mas pra usar uma expressão de nosso tempo, eles queriam <<lacrar>>, como fazem os fanáticos de hoje, que não são capazes de qualquer reflexão profunda sobre assuntos importantes, mas de maneira simplória e unilateral sentenciam com frases de efeito. Jesus não cai na armadilha deles e os convidam a pensar. Pagar o imposto a César é a obrigação de toda pessoa que está sob o domínio do império romano, no entanto, César não pode assumir o lugar de Deus. A César, o imposto, mas somente a Deus a adoração. Não é incomum nesses nossos tempos estranhos, o culto a autoridades públicas, misturando fé e política sem nenhum critério, criando uma massa de pessoas manipuladas e cegas para realidade. É preciso discernimento, sabedoria e como disse Jesus, saber bem o que é de César e o que é de Deus.
05 junho – Mc 12, 18-27
<<Ele não é Deus de mortos, mas de vivos>>
Depois de debater com os fariseus, agora são os saduceus que se aproximam de Jesus. Os saduceus pertenciam às classes dominantes, eram próximos aos romanos e negavam a ressurreição dos mortos. Eles queriam corroborar sua tese levando a Jesus um caso limite: uma mulher havia se casado sete vezes e em todas elas os maridos tinham morrido. Então perguntam de quem ela será esposa na vida eterna. Jesus responde que, na ressurreição, as coisas não se darão do mesmo modo como nesta vida na terra. Em Deus, a vida chega à sua plenitude, se despindo de toda contingência terrena. Ele é o Deus dos vivos, e embora a morte esteja no curso de nossa existência humana, ela não tem a última palavra sobre nós. Como diz o prefácio da missa pelos falecidos: Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.
06 junho – Mc 12, 28b-34
Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Está é a pergunta que um mestre da Lei faz a Jesus. A pergunta não é simples e nem a resposta a ela. No fundo, a pergunta é sobre o que é decisivo na vida, o que deve estar no centro de nossas preocupações, o que, diante das muitas circunstâncias da vida devemos colocar em primeiro lugar. Jesus responde: Amar a Deus e ao próximo. Mas veja, amar não é mais uma norma entre outras, não é mais um dever que deve ser observado, dentro de uma lista, mas é o que é determinante em tudo o que fazemos, seja na fé, seja as relações humanas, seja na busca por uma postura ética e coerente, o amor precisa ser o critério. Mas não nos esqueçamos, o amor não é um sentimento abstrato. Ele se desdobra em gestos, até porque não há outro caminho para se experimentar o amor, senão amando e sendo amado, e a gente sabe que nenhum discurso sobre o amor, por mais bonito e eloquente que seja, é capaz de demonstrá-lo, mas por outro lado, o amor traduzido em gestos concretos não precisa ser explicado. Que o Espírito Santo, que é o amor do Pai e do Filho, nos conduza no caminho do amar.
07 junho – Jo 19, 31-37
<<Solenidade do Sagrado Coração de Jesus>>
<<um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água>>. Hoje a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.
No evangelho da missa de hoje, Jesus está na cruz, de braços abertos, se entregando ao Pai por amor a nós. O soldado fere o lado do seu peito, onde está o coração, e dele jorram sangue e água. O sangue é o sinal sacramental da vida doada de Jesus, ofertada na Cruz e na Eucaristia para nossa salvação. A água é o sinal do batismo pelo qual somos mergulhados na vida de Jesus e com ele possamos também ser vida doada aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados.
Jesus, manso e humilde de coração, fazei do nosso coração semelhante ao vosso.
08 junho – Lc 2, 41-51
<<Imaculado Coração de Maria>>
<<Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas>>
Ontem, celebramos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus, hoje celebramos o Imaculado Coração de Maria. Dois corações que devem inspirar o nosso coração.
O Evangelho diz que Maria conservava todos os acontecimentos no coração, mas o que significa isso? Conservar no coração não é apenas guardar como uma lembrança, mas permitir que os fatos da vida sejam como sementes que, lançadas no terreno do coração, possam frutificar numa vida madura, consistente. Quando conservamos a Palavra de Deus no coração, não significa que a temos de cor e que podemos repetir alguns versículos, mas que a Palavra encontrou em nós um terreno aberto e fértil para germinar e dar frutos. Hoje, com Maria, peçamos ao Senhor a graça da disponibilidade à sua Palavra, para que ela se faça carne em nós.
09 junho – Mc 3, 20-35
<<Aquele que cumpre a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã, minha mãe>>
Quantas são as impressões que podemos ter das pessoas. Não raro, nos apressamos em colocar as pessoas dentro de caixas, conceituamos, dizemos que fulano é isso, sicrano é aquilo, sem mesmo buscar conhecer quem realmente são. Também não é raro nos surpreender com nossos conceitos equivocados, quando nos damos a oportunidade de conhecer melhor as pessoas. Há um ditado que diz que, para se conhecer alguém, é preciso comer um prato de sal juntos, ou seja, é preciso dar tempo, pra que não encerremos nossas ideias sobre elas no nível da superficialidade e do preconceito. Jesus está sob o olhar de várias pessoas, e todas elas têm uma ideia sobre ele e logo se apressam em expressá-las: Ele tá fora de si, ele tem um demônio…Hoje também se diz muita coisa sobre ele, mas uma coisa é certa, é só na intimidade que o podemos conhecer realmente. É preciso ouvir sua palavra, contemplar os seus gestos, interessar-se realmente por ele, pra que nossa fé n´Ele não seja equivocada. Coma um <<prato de sal com ele>>, invista no seu tempo de oração, na leitura da Palavra de Deus, na participação na Missa, na caridade, e certamente sua ideia sobre ele se aproximará de quem realmente ele É.
10 junho – Mt 5, 1-12
<<Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia>>.
As bem-aventuranças são o projeto de uma nova realidade instaurada por Jesus, onde o Reinado de Deus se expressa na alegria daqueles que, vivendo as aflições e as dores da vida, encontram em Deus o socorro e a força para reagirem a um mundo de injustiças e violência. É bem-aventurado aquele que não vive resignado diante do mal, mas se levanta contra suas estruturas, empunhando as armas da justiça, da mansidão, da misericórdia e da paz. Hoje, com o Apóstolo Paulo podemos dizer: <<Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos entre os maiores apuros, mas sem perder a esperança; perseguidos, mas não desamparados; derrubados, mas não aniquilados; por toda parte e sempre levamos em nós mesmos os sofrimentos mortais de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifestada em nossos corpos>>.
11 junho – Mt 5, 13-16
<<Vós sois o sal da terra e a luz do mundo>>
Ter fé em Deus não é somente acreditar nele, mas também crer que ele acredita em nós. Hoje no evangelho, a palavra de Jesus expressa exatamente isso. Ele diz que somos sal e luz. Ou seja, nossa vida tem força para a transformação da realidade. Por causa da fé nele, podemos dar sabor à vida, e assim como o sal, despertar o que há de melhor em nós e nos outros. Também somos um luzeiro que ilumina, que vence as trevas e que revela a astúcia do mal, que age na escuridão. Com nosso testemunho iluminamos os que vivem nas trevas da tristeza e da desesperança e também guiamos, pelas palavras da fé os que estão perdidos. Mas não nos esqueçamos, o sal pra cumprir seu papel precisa ser dosado na medida certa, e a luz pra iluminar e não cegar, precisa do brilho adequado. Cristãos sem equilíbrio e bom senso não dá sabor nem ilumina.
12 junho – Mt 5, 16-17
<<Não vim para abolir a Lei e os Profetas, mas para dar-lhes pleno cumprimento>>
O legalismo é uma tentação que afeta os que procuram viver a fé, mas que, no afã de fazer a vontade de Deus, substituem sua relação com Ele pelo apego exacerbado aos preceitos, leis religiosas e rituais. O legalista também vai substituído sua confiança em Deus pela confiança nas instituições, nas regras e também em sua própria reputação. E aos poucos, vai perdendo a vitalidade, a alegria de amar a Deus e o sentido de sua fé. Jesus ensina que, o cumprimento perfeito da Lei se dá pelo critério do amor. É assim que ele faz, e nós, que o seguimos, também devemos fazer.
13 junho – Mt 5, 20-26
<<Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos céus>>
Ainda falando sobre a Lei, Jesus ensina que é preciso ser radical no seu cumprimento. Mas atenção: radical significa ir às raízes, não é o tipo de radicalismo banalizado, em que irracionalidade e violência se conjugam. Ser radical no sentido dos preceitos de fé significa procurar compreender qual é a vontade de Deus ao nos dar suas Leis. Se procuramos compreender assim, nos damos conta que os Dez mandamentos não são apenas proibições ou indicações do que não devemos fazer, mas quer normatizar as relações humanas, para que elas sejam marcadas pela justiça, liberdade e fraternidade, colocando no centro a dignidade humana. A lei, quando compreendida assim, nos coloca no caminho da vontade de Deus e nos leva também a sanar os males que nos dividem.
14 junho – Mt 5, 27-32
<<Se o teu olho direito é ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti>>
Como é possível acertar usando as mesmas fórmulas que nos levaram ao erro? Como é possível mudar de vida, se nos apegamos às mesmas coisas que nos levaram para o caminho do mal? Vencer o erro, o mal e o pecado exigem de nós a coragem da renúncia. Se teu olho…se tua mão te levam ao pecado, renuncie! Às vezes passamos uma vida inteira patinando nos mesmos erros, porque somos cabeças duras e queremos resultados diferentes usando as mesmas fórmulas. Avalie-se e perceba o que tem te tirado do caminho da vida, do bem, do caminho de Deus. Tenha coragem de dizer não ao que rouba de você a alegria, a leveza e também a fé. Não insista no que te faz mal. A vida não espera ninguém, o tempo passa e sem a coragem de arrancar o mal insistente, pode ser que um dia, a gente não tenha mais tempo. Coragem!
15 junho – Mt 5, 33-37
<<Eu, porém vos digo: não jureis de modo algum>>
A verdade se impõe, a mentira precisa ser justificada. A lealdade, a honestidade se constroem a partir de uma vida que tem apreço à verdade. Quem precisa jurar alguma coisa, precisa provar que é honesto, precisa convencer os outros disso, possivelmente porque a vida demonstra o contrário. Jesus diz: não jureis de modo algum, mas que o nosso sim, seja sim e o não, não. A nossa credibilidade é construída pela humildade em não maquiar a realidade e em não manipular a verdade para nosso benefício. Somos frágeis e errantes, nem sempre vamos acertar, e se, quando erramos, somos capazes de assumir nossos erros, pedir perdão e procurar o caminho do acerto, certamente poderemos viver, sem medo, sob a luz da verdade.
16 junho – Mc 4, 26-34
<<O reino de Deus é como um homem que lança a semente na terra>>
Lançar a semente e confiar no seu processo. Plantar e esperar, trabalhar e contemplar, esses são alguns contrastes que encontramos na parábola da semente. Nem tudo é trabalho e nem tudo depende de nós. A vida precisa de respiro, de pausa, de paciência, para que a fecundidade possa fazer o seu papel. É claro que é importante o trabalho de semear, mas na semente plantada existe algo que não depende do esforço humano. Vivemos num tempo marcado pela lógica da produtividade em que toda atenção se volta para o esforço do trabalho, mas é importante lembrar que nem tudo é trabalho, a vida também precisa de contemplação, de busca pelo sentido das coisas. Trabalhe, se empenhe, mas não se esqueça de desfrutar, de acolher a dádiva da vida, de celebrar.
17 junho – Mt 5, 38-42
<<Não enfrenteis quem é malvado>>
A lei do Talião afirma <olho por olho, dente por dente>. Jesus diz <se alguém te der um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda>. Num primeiro momento talvez podemos pensar que Jesus nos estimula à passividade e resignação diante do violento e de quem nos faz algum mal. No entanto, o convite é para uma atitude que rompa o círculo da violência, dando uma resposta nova, inteligente, racional, diante da violência, que só quer despertar em nós os instintos mais selvagens. Há um mito ignorante que pensa que para banir a violência é preciso agir com mais violência. O resultado nós conhecemos. Vivemos numa sociedade assim. Jesus nos chama a uma atitude nova: não enfrenteis quem é malvado, pois o malvado se alimenta do que ele desperta de pior em nós. Não dê ao malvado, ao violento o que ele quer, mas o que ele precisa. Dê a ele uma atitude racional, ponderada, equilibrada. Neutralize suas armas.
18 junho – Mt 5, 43-48
<<Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem”>>
O seguimento de Jesus é exigente e nos tira do conforto das nossas convenções, nos convidando a alguns passos radicais, para que possamos nos identificar com aquele que seguimos. Amar os inimigos é certamente um passo desafiador, que exige de nós, em primeiro lugar, compreender o amor além da ideia romântica do sentimento, mas como uma decisão que se desdobra em importantes atitudes. Amar os inimigos, neste sentido, não é nutrir algum sentimento bom por quem nos faz mal, pois nem sempre isso é possível, mas é ter uma postura diferente daquele que nos fere. A não vingança é amor, a não violência é amor, não pagar com a mesma moeda, é amor. Não significa não abrir mão da justiça, nem viver resignado diante do maldoso, mas não se tornar como ele, agindo da mesma forma.
19 junho – Mt 6, 1-18
<<Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes visto por eles>>
Jesus nos ensina que, quando formos dar esmola, rezar ou jejuar, que fiquemos atentos para que essas atitudes sejam expressões de convicção pessoal, de desejo legítimo de partilha e de comunhão com Deus e não manifestação de vaidade e hipocrisia. Vivemos no tempo da imagem, há uma necessidade sempre grande de tudo se tornar visível aos outros. As redes sociais provam isso. Tudo vai se tornando uma grande propaganda de si, e isso tem nos levado a uma vida sempre exposta e consequentemente, nos tem roubado aquela interioridade tão necessária para a vida.
20 junho – Mt 6, 7-15
<<Pai Nosso>>
Quando orardes, não useis muitas palavras…o Pai sabe do que precisais. Jesus ensina a oração do Pai Nosso, nos colocando na dinâmica da intimidade com o Pai que tudo sabe, que conhece as nossas necessidades e que não nos deixa abandonados ao poder do mal, mas nos estende sua mão. A oração deve ser a expressão de nossa confiança no Pai e também um diálogo que nos leva à intimidade com Ele. Não podemos fazer da oração apenas a vocalização de nossas vontades, como se Deus fosse o gênio da lâmpada que atende pedidos. Na oração também pedimos, porém também nos abandonamos nas de Deus, que conhece nossas reais necessidades, para que Ele faça sua vontade, pois Ele é Pai e sua vontade será sempre o melhor pra nós, mesmo que nos custe um pouco compreender o porquê.
21 junho – Mt 6, 19-23
<<Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração>>
Não junteis tesouros na terra, que a traça e a ferrugem corroem, mas junteis tesouros no céu. Para onde está voltado o meu olhar? O que tem sido minha prioridade? Sobre o que tenho dedicado meu tempo? Essas são algumas perguntas que precisamos fazer, pra que a gente consiga descobrir onde está o centro da nossa vida. Quando Jesus nos fala para não juntar tesouros na terra, mas no céu, ele está nos exortando a olhar para o modo como estamos vivendo e o que temos construído. Pode ser que estamos nos dedicando às coisas que não merecem nossa prioridade, pois passam e não tem todo valor que atribuímos. Pode ser também que, o que realmente é importante, tem ficado à margem.
22 junho – Mt 6, 24-34
No Evangelho de hoje, Jesus nos alimenta da grande esperança: O Pai sabe do que precisamos. Também nos ensina a viver o momento presente: <<Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas!>>. A ansiedade, característica dominante deste nosso tempo, desperta em nós uma exagerada preocupação com o que ainda não aconteceu, despertando em nós a fantasia de que, nos ocupando disso, poderemos ter algum controle do que está por vir. O problema é que, na ânsia pelo futuro, o presente passa e pior, passa sem que o desfrutemos. Nos ocupamos de um amanhã que nunca chega e deixamos de viver o hoje, como um dom precioso de Deus. Será que é por isso que nos queixamos tanto de que o tempo passa rápido?
23 junho – Mc 4, 35-41
<<Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?>>
O medo agiganta o perigo, e nos impede de olhar pra Jesus, como aconteceu aos discípulos, quando o mar estava agitado. Eles ficam apavorados, mesmo sabendo que Jesus está no mesmo barco que eles, mas o medo sufoca a confiança. A fé não impedirá que os percalços da vida venham acontecer. A vida de quem tem fé não é privilegiada com uma constante calmaria, mas há uma certeza que vem dá fé: o mar agitado não nos fará naufragar. Confiemos!
24 junho – Lc 1, 57-80 <<Solenidade da Natividade de São João Batista>>
<<O que virá a ser este menino? De fato, a mão de Deus estava com ele>>
João Batista é aquele que prepara os caminhos do Senhor, anunciando um tempo de conversão e penitência, para que, ao chegar o Cristo, a vida esteja pronta para acolhê-lo, os olhos estejam abertos para reconhecê-lo e os ouvidos atentos para escutá-lo. João Batista ocupa um lugar importante na fé cristã, porque nos lembra que, sem um terreno preparado, pode ser que a semente da Boa Notícia do Evangelho de Cristo, não encontre lugar para germinar. Hoje, celebrando este grande Santo, ouçamos sua incansável voz que grita: convertei-vos!
25 junho – Mt 7, 6-14
<<Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles>>
Este é um imperativo, ensina Jesus, que nos leva ao cumprimento da Lei e dos Profetas, ou seja, nossa vida em comunhão com Deus exige a construção de relações fraternas e saudáveis com os outros, e pra isso, antes de esperar dos outros alguma coisa boa, é preciso assumir o protagonismo, dar o primeiro passo, não simplesmente na espera de retribuição, mas também como uma forma de estabelecimento de limites e critérios. Se o mal, a violência, contagiam, também o bem é contagioso, ou pelo menos ele constrange quem insiste em fazer o mal. Seja protagonista do bem que você deseja. Não fique se lamentando e esperando do outro. Dê o primeiro passo!
26 junho – Mt 7, 15-20
<<Vós os conhecereis pelos frutos>>
No evangelho de hoje Jesus alerta os discípulos e a nós sobre os falsos profetas. Eles se apresentam em pele de cordeiro, mas na verdade, são lobos ferozes. Hoje, a oferta de pregadores é enorme. Você liga a TV e eles estão lá, você acessa as redes sociais, eles estão lá, aos montes. Há também os coachees, os entendidos que dão conselhos sobre tudo, os influencers, blogueiros, políticos…Em geral, eles têm um discurso persuasivo, raso, de soluções imediatas, respostas simplórias pra questões profundas, e o mais grave: eles convencem multidões, que aos poucos vão entrando num transe coletivo, em que a razão e o bom senso vão se apagando e se tornam seguidores cegos de lideres perversos, que desejam uma massa de seguidores obedientes. Jesus nos ensina: cuidado! Antes de se convencerem dos discursos, vejam quais são os frutos reais que eles produzem. Sem medo de errar, hoje em dia, a maioria desses falsos profetas enriqueceram às custas das massas obedientes. Não nos deixemos enganar. Que o Espírito Santo nos dê o dom do discernimento!
27 junho – Mt 7, 21-29
<<Construir a casa sobre a rocha>>
<<Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor. Entrará no Reino dos céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai>>. O cristianismo não é um emaranhado de ideias iluminadas que nos estimula a discursos, mas o Caminho que Deus nos deu para nossa salvação. Ouvir a Palavra e colocá-la em prática significa se tornar discípulo de Jesus, procurando viver como ele viveu. Quem assim o faz, constrói a vida sobre alicerce seguro e estável. Quem vive a dicotomia entre a palavra (o discurso da fé) e a vida, praticando o mal, muito embora se identificando como uma pessoa de fé, não é reconhecido realmente como tal, nem pelos outros, nem por Deus, que planta sua Palavra em nós para que ela dê bons frutos. Que o Senhor não nos deixa cair na tentação da indiferença na fé, para que Sua Palavra encontre em nós um terreno fértil.
28 junho – Mt 8, 1-4
<<Senhor, se queres, tem o poder de purificar>>
Um leproso se aproxima de Jesus e pede pra que ele o livre de sua doença. A lepra, no tempo de Jesus, era considerada mais que uma doença que se manifestava na pele, mas a exteriorização de uma doença da alma, uma impureza por causa do pecado. Os leprosos ficavam fora da cidade, porque ninguém poderia tocá-lo, para não ser contaminado por sua impureza. Num gesto escandaloso para os religiosos do seu tempo, Jesus toca o leproso e o cura. Diferentemente do que às vezes ouvimos por aí, Deus não se afasta do pecador, mas deseja tocá-lo. Não há nada que fazemos que não possa ser transformado pela misericórdia de Deus. Sob o olhar de muitos, quando nosso pecado é conhecido, somos condenados a viver do lado de fora, afastados, mas a misericórdia de Deus nos traz novamente a dignidade. Confie na misericórdia e se deixe tocar pelo Senhor.
29 junho – Mt 8, 5-17
<<Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado>>.
Jesus fica admirado com a fé do oficial romano, que no seu contexto religioso, era considerado um pagão, ou seja, não comungava com a fé de Israel. Ele pedia a Jesus que curasse seu empregado. Como romano, sabia que um judeu não poderia entrar em sua casa, mas tamanha erab sua fé em Jesus, que pediu que ele dissesse apenas uma palavra, e que seu empregado ficaria curado. Por fim, Jesus diz algo escandaloso: <<nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé>>. De fato, pertencer a uma tradição religiosa nem sempre é sinônimo de ter fé. Infelizmente, há pessoas dentro das igrejas, que vivem de tal forma fechadas e indiferentes à fé, condicionadas a um pertencimento vazio, sem sentido. Já não mais se deixam tocar por Deus, pela sua Palavra, não se confrontam com os ensinamentos da fé e como patos, desenvolvem penas que as tornam impermeáveis ao que é celebrado. Que Deus nos livre da tentação da indiferença, e com seu Espírito, abra nosso coração à fé que tudo transforma.
30 junho – Mt 16, 13-19 <<Festa dos Apóstolos Pedro e Paulo>>
Hoje, domingo, dia do Senhor, a Igreja celebra a festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, as duas colunas de nossa fé cristã católica. No evangelho, a pergunta de Jesus aos discípulos <<e vós, quem dizeis que eu sou?>> respondida por Pedro <<tu és o Messias, o Filho de Deus vivo>>, continua a ressoar entre nós. A fé que professamos tem suas raízes naquelas testemunhas que nos precederam e que nos anunciaram o que viram e ouviram. Pedro, escolhido entre os discípulos, para ser a rocha firme, continua a nos confirmar na fé, através dos seus sucessores, hoje o Papa Francisco. Paulo, que de perseguidor de cristão passa a ser discípulo de Cristo, nos testemunha que a fé nos coloca a caminho, para anunciarmos a Boa notícia de Cristo. Que o testemunho e a intercessão desses nossos dois irmãos que nos precederam na fé, nos entusiasmem na missão.
01 julho – Mt 8, 18-22
<<Segue-me!>>
O Evangelho de hoje apresenta duas pessoas que desejam seguir Jesus. Certamente elas veem sentido no modo como ele vive e sobre o que ele anuncia. Se encantam por tudo isso, mas ainda não estão verdadeiramente disponíveis e se veem amarrados em muitas coisas. O seguimento de Jesus é exigente, porque nos coloca não diante de uma doutrina, de ideias interessantes, mas diante de alguém, diante de Jesus e do seu modo de ser. Segui-lo exige mudança, transformação de si, para, de alguma forma imitá-lo. Para isso, é preciso ser livre.
<<A todo homem que procede retamente, eu mostrarei a salvação que vem de Deus>> Sl 49, 23
02 julho – Mt 8, 23-27
<<Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?>>
O medo nos paralisa, agiganta o que nos ameaça, nos impedindo de enfrentar as dificuldades, os problemas que nos assolam, de tomar as decisões necessárias. Quando nos resignamos diante do que nos amedronta, sentenciamos que fomos vencidos e que não há nada a fazer. A fé vence o medo, porque desperta em nós a certeza de que não lutamos sozinhos e que, por mais difícil que seja a batalha, somos capazes de encontrar em nós a força necessária para vencê-la, e mesmo caídos pelo chão, encontramos força pra nos levantar e continuar a lutar. Apresente ao Senhor suas batalhas e com ele, não se deixe abater, e lute.
<<Não sois um Deus a quem agrade a iniquidade, não pode o mal morar convosco>> Sl 5,5
03 julho – Jo 20, 24-29 <<Festa do Apóstolo São Tomé>>
<<Meu Senhor e meu Deus>>
Tomé tem fama de ser aquele discípulo de Cristo que duvidou e titubeou na fé. Não me parece justo esta fama. A fé de Tomé era artesanal, precisava de tempo para amadurecer, precisava de experiências que pudessem despertar nele uma fé mais madura, sólida. Tomé nos representa. Pra termos uma fé consistente, precisamos fazer um percurso, precisamos de tempo, precisamos de perguntas e também de ter algumas dúvidas. A dúvida faz parte do percurso da fé. Quem nunca duvidou, é possível que também nunca acreditou, porque para crer é fundamental querer saber sobre o que crê e para isso, as perguntas são necessárias. A fé de Tomé foi amadurecendo com tempo e sua confissão de fé não é da boca para fora, mas é expressão de um coração que aprendeu a confiar: Meu Senhor e meu Deus.
<<Mas agora, em Jesus Cristo, vós que outrora estáveis longe, vos tornastes próximos, selo sangue de Cristo>> Ef 2, 13.
04 julho – Mt 9, 1-8.
<<Levanta-te, pega tua cama e vai para tua casa>>
O perdão de Deus nos liberta e nos restitui a vida. Assim aconteceu com o paralítico do evangelho de hoje. Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados! São essas as palavras de Jesus ao que lhe foi apresentado deitado numa cama, impossibilitado de viver sua vida com plenitude. O pecado nos paralisa, deprecia a vida e nos impede de andar pra frente. Mas graças ao amor misericordioso de Deus, o pecado não é o ponto final. Quando somos capazes de olhar para nós mesmos e reconhecer que precisamos de conversão e com confiança e arrependimento nos apresentamos a Deus, recebemos a graça do perdão que nos faz voltar à vida. Que a misericórdia de Deus nos alcance.
<<O Senhor chamou-me quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: Vai profetizar para Israel, meu povo>> Am 7, 15.
05 julho – Mt 9, 9-13
Aprendei, pois o que significa: quero misericórdia e não sacrifício>>
Mateus estava a serviço do Império Romano e era considerado pelos judeus como um pecador público. Jesus o chama para seguí-lo. Depois vai até sua casa e numa refeição, compartilha a mesa com muitos considerados pecadores. Os fariseus se incomodam com a cena. Como pode esse homem sentar-se à mesa com pecadores? No fundo, a ideia que eles tinham de Deus não permitiam tal atitude. Segundo eles, Deus abomina e castiga os pecadores. Mas o Pai que Jesus anuncia pensa diferente. Quem precisa de médico são os doentes, quem precisa de cuidado, proximidade, misericórdia, perdão, são os pecadores e é junto deles que Deus se coloca. Aliás, é junto de nós que ele se coloca. Deixemo-nos tocar pelo amor misericordioso de Deus.
<<Escolhi seguir a trilha da verdade, diante de mim eu coloquei vossos preceitos>> Sl 118, 30.
06 julho – Mt 9, 14-17
<<Vinho novo em odres novos>>
Jesus responde aos fariseus porque os seus discípulos não jejuam, indicando que o tempo da espera acabou, a expectativa do Messias Salvador se cumpriu e que agora é tempo de festejar. Para participar da festa é exigido roupas novas, também os odres onde se armazenam o vinho precisam ser novos, para receber o vinho novo de Cristo. Sem um coração novo, sem uma nova mentalidade, pode acontecer que nossa fé se apague, vai perdendo o seu brilho. Para uma fé que dê verdadeiro sentido à nossa vida, é preciso o cuidado constante para que não nos deixemos desanimar pela indiferença, pelo <<pouco caso>> com aquilo que é sagrado. Vinde Espírito Santo e dai-nos um coração novo.
<<O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas>> Sl 84, 13.
07 julho – Mc 6, 1-6 – Domingo, dia do Senhor
<<Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria?>>
Jesus vai a Nazaré, sua terra, e lá encontra resistência da parte dos seus conterrâneos, que mesmo tendo ouvido suas sábias palavras e visto os milagres que ele realizou, se fixaram naquilo que conheciam de Jesus: <<Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria?>>. A fé é um passo ousado, é confiar no que não podemos conhecer totalmente, é se lançar aos braços de Deus, mesmo sem vê-lo. No fundo, a fé é confiar num Outro, em Deus, e isso exige de nós a superação da autossuficiência. Que o Espírito Santo reinflame em nós o dom da fé.
<<Mas ele disse-me: Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se manifesta>> 2Cor 12, 9
08 julho – Mt 9, 18-26
<<Coragem, filha! A tua fé te salvou>>
Um pai se aproxima de Jesus e pede a ele que imponha as mãos sobre sua filha que tinha acabado de morrer. Ele confiou que Jesus podia fazê-la voltar à vida. Uma mulher que sofria há doze anos de uma hemorragia, confiando no poder de Deus, desejava ao menos tocar no manto de Jesus, para que pudesse ficar curada de sua doença. A fé nos liberta da resignação e do conformismo, alimentando em nós o desejo de uma vida nova, da superação das situações que depreciam nossa vida. A fé levou um pai a acreditar que a morte não era o fim, ajudou uma mulher que viva a tantos anos com uma doença, acreditar que sua vida poderia ser melhor. A fé os levou até Jesus, quem os poderia tocar e mudar tudo. Que a nossa fé nos leve também a ele.
<<Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência é compaixão>> Sl 144, 8
09 julho – Mt 9, 32-38
<<Pedi pois ao dono da messe, que envie trabalhadores para a sua colheita>>
Jesus sente compaixão da multidão que vem ao sem encontro. Vê que as pessoas estão abatidas, cansadas e perdidas. Ele também percebe que a demanda é grande, quanta são as pessoas que precisam de cuidado, de uma palavra de ânimo, de um gesto de amor, quantas são as pessoas que querem alguém que as escute. Mas por outro lado, Jesus também sabe que são poucas as pessoas que se dispõe ao trabalho. Se queremos seguí-lo, precisamos saber que a fé cristã não diz respeito apenas ao receber, ao ser cuidado e agraciado, mas também é preciso aprender oferecer, cuidar, estender as mãos e servir. Peçamos hoje, dia de Santa Paulina, esta grande santa que viveu no Brasil e que doou toda sua vida aos cuidados dos mais necessitados, que interceda por nós e nos anime com sua conhecida exortação: Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários.
<<Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários>> Santa Paulina
10 julho – Mt 10, 1-7
<<Em vosso caminho, anunciai: O Reino dos Céus está próximo>>
No evangelho de hoje, o evangelista Mateus apresenta o nome dos doze apóstolos escolhidos e enviados por Jesus, para anunciar a Boa-notícia de Deus. A esta lista também é acrescentado os nossos nomes. Pelo Batismo, todos nós somos chamados e escolhidos pelo Senhor para continuar, neste tempo, a sua obra. Nenhum de nós é cristão para si mesmo, mas fomos mergulhados em Cristo pelas águas batismais, para ser no mundo sinais vivos de sua presença. Ele continua a agir no mundo, curando os males, compadecendo-se dos pequenos e fragilizados, tocando os feridos, orientando os perdidos, através de nós. Supliquemos juntos: Jesus, manso e humilde de coração, fazei do nosso coração semelhante ao Vosso.
<<É tempo de procurar o Senhor; até que ele venha e derrame a justiça em vós>> Os 10, 12
11 julho – Mt 10, 7-15
<<Em vosso caminho, anunciai: o Reino de Deus está próximo>>
Jesus envia os discípulos. Eles devem anunciar a proximidade do Reino de Deus, não somente com palavras, mas também com as obras, que sinalizam que o Reinado de Deus já começou. Pelo caminho eles devem curar os doentes, cuidar dos que sofrem, ser presença da bondade de Deus, que expulsa todo mal. Também precisam viver na liberdade, não se apegar a nada, mas estarem disponíveis para fazer o bem. Hoje somo nós que o Senhor envia. Ele deseja que tenhamos um coração disponível para amar as pessoas, cuidar, estender a mão ao que precisa, aliviar as dores dos que sofrem, ser sinal de paz no meio dos conflitos. Você já parou pra pensar sobre o que Deus quer de você? Para qual missão ele te chama? O que de bom você pode fazer para as pessoas com quem você convive? Na sua oração, faça esta pergunta ao Senhor, e esteja atento e disponível ao que te falar.
<<Voltai-vos para nós. Deus do universo!>> Sl 79, 15
12 julho – Mt 10, 16-23
<<Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos>>
Jesus não engana aqueles que desejam segui-lo. Sua propaganda vocacional não mostra um mundo ideal, mas apresenta a realidade e seus problemas. Ele envia seus discípulos para o enfrentamento, como ele diz, ovelhas no meio dos lobos. Mas também assegura aqueles que querem segui-lo a assistência do Espírito Santo, que nos momentos mais difíceis, quando faltarem as palavras, quando parecer não haver mais solução, Ele será o advogado que defenderá os que se mantém na batalha. Não sejamos cristãos que fantasiam a realidade ou fica o tempo todo à procura de bem-estar. Sejamos fieis seguidores de Cristo, procuremos viver uma vida coerente com seus ensinamentos, e enfrentemos os ventos contrários com a coragem de quem sabe que não luta sozinho.
<<São retos os caminhos do Senhor e, por eles, andarão os justos, enquanto os maus ali tropeçam e caem>>. Os 14, 10.
13 julho – Mt 10, 24-33
<<Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!>>
Jesus continua a falar aos seus discípulos, para os instruir para a missão. As perspectivas não são as mais agradáveis, anunciar o Evangelho, viver a vida cristã será sempre um desafio e um enfrentamento. Para segui Jesus é preciso saber que o discípulo não é maior que o mestre, de modo que, as dores e os sofrimentos, a cruz que o mestre precisou enfrentar ao logo do seu caminho estarão presentes também na vida dos seus discípulos. Mas uma coisa ele assegura aqueles que querem segui-lo: Não tenham medo, o Pai os acompanhará. Sigamos na missão que o Senhor nos confiou. Nada que nos acontece é indiferente para Deus. Até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados, nos diz Jesus. Confiemos n’Ele!
<<Ouvi a voz do Senhor que dizia: Quem enviarei? Quem irá por nós? Eu respondi: Aqui estou! Envia-me>> Is 6,8
14 julho – Mc 6, 7-13 – Domingo, dia do Senhor.
<<Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem>>
Ir e anunciar, pregar uma boa notícia às pessoas, ser também uma boa notícia, ser a presença de Deus que cura, cuida, conforta, anima. Anunciar o Evangelho não é falar de Deus, mas agindo como Deus age, anunciar que Ele está no meio de nós, que Ele não é uma ideia, ou uma entidade de cima nos olha, mas alguém que se entrelaça conosco pelo seu amor que supera toda distância. A credibilidade do nosso anúncio não está na eloquência das palavras, mas no como nos tornamos parecidos com Cristo. Que o Pai envie sobre nós o Espírito Santo, para que nos tornemos semelhantes ao seu Filho Jesus.
<<Pelo seu sangue nós somos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza da sua graça>> Ef 1, 7.
15 julho – Mt 10, 34 – 11,1
<<Não penseis que vim trazer a paz à terra.; não vim trazer a paz, mas sim a espada>>
As palavras de Jesus aos discípulos são duras, mas necessárias, para que, quem realmente deseja segui-lo, não se engane. <<Trazer a espada>> como diz Jesus no Evangelho de hoje, não é nenhuma apologia à violência, como pode sugerir algum mal-intencionado, mas uma chamada de atenção sobre o que significa seguir Jesus. O cristianismo não é uma doutrina religiosa que se ocupa exclusivamente do bem-estar, mas o seguimento de alguém que buscou em toda sua vida revelar o rosto amoroso de Deus, que tantas vezes se contrapõe às ideologias religiosas do domínio e que pregam uma vida desconectada da realidade. Anunciar e viver o amor é um perigo num mundo onde a violência, a vingança, o ódio são normalizados, são entendidos como necessários. <<trazer a espada>> significa romper com o pensamento mundano e fazer uma escolha consciente em seguir ou não a Cristo. Nas palavras do próprio Senhor: <<quem não toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim>>.
<<Lavai-vos, purificai-vos! Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! Aprendei a fazer o bem!>> Is 1, 16-17
16 julho – Mt 12, 46-50 <<Nossa Senhora do Carmo>>
<<Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe>>
Hoje a Igreja celebra Nossa Senhora do Carmo. No evangelho, o Senhor nos indica o caminho para pertencermos à sua família: fazer a vontade do Pai. Na tentativa de viver coerentemente a nossa fé, nos esforçamos em uma serie de práticas, orações, devoções, e tudo isso tem muito valor, mas pode acontecer que, envolvido em tudo isso, nunca nos perguntemos sobre como temos vivido nossa vida, se estamos ajustando nosso modo de viver ao que nos ensina Jesus. O culto cristão, sem a abertura à graça de Deus e sem o esforço para viver o que se reza é vazio e não nos coloca em comunhão com o Senhor. Com coragem e honestidade, coloque-se diante do Senhor e faça esta pergunta: Senhor, tenho feito a tua vontade?
<<O Poderoso fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome!>> Lc 1,49
17 julho – Mt 11, 25-27
<<Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos>>
Jesus, numa oração de louvor ao Pai, se alegra porque os mistérios do Reino de Deus são revelados aos pequenos e humildes, que têm o coração dilatado e sensível para acolher a delicadeza do reinado de Deus, que não se impõe de maneira ostensiva, nem faz alarde, mas é como semente plantada, que vai germinando sem que se tenha controle do seu processo. A humildade não é uma autodepreciação, mas a consciência de que não podemos tudo, não sabemos tudo, e que existem realidades que não se submetem às leis humanas nem podem ser controladas, mas devem ser contempladas. No fundo, ser humilde é ser como uma criança, que consegue se espantar com a vida, se alegrar com as coisas mais simples e enxergar o que não é evidente.
<<O Senhor não rejeita seu povo>> Sl 93, 14
18 julho – Mt 11, 28-30
<<Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso>>
Quais são os fardos que temos carregado? O que tem nos cansado? Às vezes caminhamos carregados de tanto peso às costas que não conseguimos desfrutar da caminhada. A vida se torna pesada e nos empenhamos apenas em nos manter em pé, na medida do que é possível. Não vivemos, mas sobrevivemos! No evangelho de hoje o Senhor nos convida a irmos a ele, porque nele encontraremos descanso, mas também nos convida a aprendermos dele, que é manso e humilde de coração, para que em nós outros possam descansar. Descansamos em Deus para que, descansados e revigorados, outros possam descansar, encontrar no nosso cuidado o amparo, em nossas palavras o ânimo, no nosso olhar a esperança.
<<Ele ouvirá a oração dos oprimidos e não desprezará a sua prece>> Sl 101, 18
19 julho – Mt 12, 1-8
<<O Filho do Homem é senhor do sábado>>
Os discípulos de Jesus têm fome e colhem algumas espigas para saciar a fome. É dia de sábado, dia sagrado, onde nenhuma atividade laboral é permitida. Os fariseus, que sempre estão prontos para fiscalizar quem cumpre ou não a Lei, logo se atentam ao que fizeram os discípulos e vão a Jesus para denunciá-los. O Mestre então os convida a uma reflexão, ajudando-os a compreender que a Lei, expressão da Aliança com Deus, tem como princípio fundamental a dignidade da vida, de modo que, saciar a fome, curar o enfermo, socorrer o fraco, fazer o bem a quem precisa, em dia de sábado, não é uma violação da Lei, mas seu pleno cumprimento. Se alguém, para cumprir a Lei, despreza as necessidades humanas, não a cumpre verdadeiramente, mas a viola, porque viola o seu princípio fundamental.
<<Ó Senhor, meu coração por vós espera>> Is 38, 16
20 julho – Mt 12, 14-21
<<Os fariseus saíram e fizeram um plano para matar Jesus>>
O mundo religioso acostumado, sem autocrítica nem renovação, ameaça a vivência coerente da fé. Jesus percebe, no seu contexto, uma religiosidade que, sem nenhum incomodo, conjugava uma evidente expressividade religiosa com práticas contrárias à fé. Não é por menos que Jesus chama os fariseus de hipócritas. Tinham a lei nos lábios, mas não no coração, adoravam a Deus no culto, mas não se deixavam transformar pelo seu amor. Não é de se espantar o quanto que Jesus tenha se tornado um grande incomodo para eles, e por isso decidem eliminá-lo. De fato, uma vida coerente, justa e honesta, em ambientes que normalizam o erro, se torna uma pedra de tropeço. Porém nada disso deve nos desanimar. Que Deus nos ajude a cada dia a renunciarmos o que nos tira do bom caminho e fortaleça nossos passos no seguimento de Jesus.
<<Vós, porém, vedes a dor e o sofrimento, vós olhais e tomais tudo em vossas mãos! A vós o pobre se abandona confiante, sois dos órfãos vigilante protetor>> Sl 9, 14
21 julho – Mc 6, 30-34
<<Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor>>
Os planos de Jesus era ter um momento de partilha e descanso com seus discípulos, que tinham acabado de chegar da primeira experiência missionária que fizeram. Jesus os chama para um lugar à parte. No entanto, uma multidão de pessoas descobre onde eles estavam e vão ao encontro de Jesus de seus discípulos. A reação de Jesus não é de irritação porque seus planos foram frustrados, mas ele olha para a multidão e sente compaixão, porque aquelas pessoas eram como ovelhas sem pastor. Estavam perdidas e procuravam encontrar em Jesus algum socorro, certamente queriam alguém que as escutasse, visse a situação que se encontravam. O evangelho então diz que Jesus as acolhe e começa e ensinar-lhes muitas coisas. Você já viveu a experiência do desamparo, da falta de rumo? Você já se sentiu perdido? Esses são alguns dos sentimentos presentes naquela multidão que vai até Jesus. O olhar dele não é de julgamento, de indiferença, mas de compaixão. Nem sempre encontramos alguém que nos olha dessa forma. Somos tantas vezes sentenciados apressadamente por quem, indiferente ao que nos faz sofrer, nos julgam implacavelmente. A multidão vai até Jesus e nele encontra compaixão. Para onde vamos quando nos sentimos perdidos? Onde temos buscado sentido? O que tem orientado nossa vida? A multidão vai até o Bom Pastor. E você?
<<O Senhor é o Pastor que me conduz, não me falta coisa alguma>> Sl 22, 1
22 julho – Jo 20, 1-18
<<Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Eu vi o Senhor!>>
Hoje a Igreja celebra a memória de Santa Maria Madalena, a primeira testemunha da ressurreição do Senhor e a primeira a anunciar a alegria pascal aos irmãos. No evangelho de hoje, contemplamos o momento em que Maria Madalena vai ao túmulo de Jesus e lá não encontra o seu corpo. Enquanto chorava, o Senhor Ressuscitado se aproxima dela e pergunta porque estava chorando. Ela o confunde com o jardineiro, mas quando ele a chama pelo nome, os seus olhos se abrem e ela reconhece que era o Mestre, ressuscitado. Então corre para anunciar aos irmãos: Eu vi o Senhor. De tantos modos nós também o encontramos, especialmente na Eucaristia, onde ele nos fala pelas Escrituras e se dá como alimento para nós. Que a alegria do nosso encontro o Senhor Ressuscitado nos leve a anuncia-lo aos irmãos e irmãs.
<<Minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água!>> Sl 62, 2
23 julho – Mt 12, 46-50
<<E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: Eis minha mãe e meus irmãos!>>
A familiaridade com Jesus não se dá apenas pelo discurso religioso, mas na ousadia em fazer a vontade de Deus. É isso que ele nos diz hoje no Evangelho: Minha mãe e meus irmãos são os que fazem a vontade do Pai. Certamente esse é a nossa mais árdua missão como seguidores de Jesus. A vivência da fé cristã não é apenas pertencer a um grupo religioso, mas se tornar discípulo de Cristo, aprender com suas palavras e gestos, como diz o Apóstolo Paulo aos Filipenses, <<ter os mesmos sentimentos de Cristo>>. Este é um caminho que exige dedicação e abertura ao Espírito Santo. Não depende só de nós e também não é obra de Deus independente do nosso esforço, mas fruto do encontro humano com a graça divina. Façamos o que nos cabe, o que nos é possível, mas também deixemos a mão de Deus modelar a nossa vida.
<<E, como foi nos dias em que nos fizestes sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios>> Mq 7, 15.
24 julho – Mt 13,1-9
<<O semeador saiu para semear>>
Uma multidão se reúne ao redor de Jesus. As pessoas querem ouvi-lo, reconhecem a sabedoria de suas palavras. O evangelho diz que Jesus fala às pessoas através de parábolas, que são histórias cheias de símbolos e significados. Ele conta a parábola do semeador, que lança a semente em vários tipos de terreno e em cada um deles a semente resulta de forma diferente. Antes de fixarmos nosso olhar para os vários terrenos onde a semente é lançada, é fundamental que olhemos para a esperança do semeador, que lança a semente até nos terrenos menos férteis. Este é o olhar de Deus sobre nós. Ele insiste em semear em nós sua palavra, porque acredita em nós e na força de sua palavra, que tudo pode transformar. Pode ser que a semente lançada não dê o resultado esperado, mas certamente o terreno não será o mesmo. Deus não desiste de nós.
<<Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações>> Jr 1, 5
25 julho – Mt 20, 20-28 – Festa do Apóstolo São Tiago
<<Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor>>
Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Tiago Maior, irmão do evangelista João e um dos primeiros discípulos de Jesus. No evangelho de hoje, a mãe dos filhos de Zebedeu, entre eles Tiago, pede a Jesus um lugar de destaque no Reino. Esta se torna uma ocasião propícia para que Jesus ensinasse uma das atitudes mais importantes para quem deseja segui-lo: quem quiser ser grande, não deve seguir a trilha dos poderosos deste mundo, mas deve se colocar no caminho do serviço, porque este é o caminho de Jesus, que não veio para ser servido, mas servir. No Reino de Deus, o verdadeiro poder não é exercido através da dominação, mas do serviço aos irmãos e irmãs.
<<Os que lançam as sementes entre lágrimas, ceifarão com alegria>> Sl 125, 5
26 julho – Mt 13, 16-17 – Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora
<<Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram>>
Hoje a Igreja celebra o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Nossa Senhora. Também hoje é celebrado o dia dos Avós. No evangelho, Jesus fala aos discípulos sobre o privilégio que eles têm em poder ver e ouvir o que muitos desejaram. A esperança de Israel foi realizada na vinda do Filho de Deus, mas nem todos foram capazes acolhê-lo. Nós também partilhamos do mesmo privilégio dos discípulos, os nossos olhos podem ver o Senhor, que se manifesta na Eucaristia, na Igreja, nos pobres, nos irmãos e irmãs que cruzam o nosso caminho, e sua Palavra continua a ressoar em nossos ouvidos, nos ensinando e iluminando os passos. Você já parou pra apensar na graça que é ser cristão?
<<Pois o Senhor quis para si Jerusalém e a desejou para que fosse sua morada>> Sl 131, 13.
27 julho – Mt 13, 24-30
<<O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo>>
Jesus ensina as pessoas através de parábolas. No evangelho de hoje, ele conta a parábola do joio e do trigo. Um homem semeia boa semente no seu campo, mas vem seu inimigo e semeia o joio. Os empregados, apressados e sem paciência logo querem arrancar o joio, mas o dono do campo não permite. Pode ser que na pressa, ao arrancar o joio se arranque também o trigo. Esta parábola enche nosso coração de esperança. Deus tem paciência e um olhar demorado sobre nós. Ele nos vê sem pressa. Seu olhar enxerga o que temos de mais precioso e sua misericórdia é como adubo, que fortalece as raízes do trigo que ele plantou em nós. A paciência de Deus nos acolhe e nos educa. Se Deus é assim conosco, precisamos aprender com Ele a sermos pacientes com os outros.
<<Felizes os que habitam vossa casa; para sempre haverão de vos louvar>> Sl 83, 5
28 julho – Jo 6, 1-5
<<Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes>>
Hoje é domingo, dia do Senhor. Hoje, o evangelho que ilumina nosso dia é o da multiplicação dos pães. Poderíamos destacar vários aspectos do texto, que é muito rico de significados, mas destaco apenas um para nossa reflexão. No texto, o evangelista João afirma que uma grande multidão vai até Jesus. Eles têm fome. Os discípulos apontam para a impossibilidade de alimentar tanta gente, o dinheiro não era suficiente. Mas aparece na narrativa um menino. Não é revelado seu nome, é apenas um menino. Ele oferece o que tinha, cinco pães e dois peixes. Como se diz popularmente, <<o pouco com Deus é muito>>. Então Jesus acolhe o que a generosidade do menino pôde oferecer, dá graças e reparte. O que era pouco se multiplicou, alimentou a multidão, e ainda sobrou. Percebam os olhares. Os discípulos se lamentam pelo pouco, mas o menino e Jesus veem no pouco repartido uma possibilidade. O Senhor multiplica o pouco oferecido com generosidade. Como você tem visto o seu pouco?
<<O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor>> 2Rs 4, 44
29 julho – Jo 11, 19-27 – Memória de Santa Marta
<<Respondeu ela: sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir ao mundo>>
Hoje a igreja celebra a memória de Santa Marta, irmã de Maria e de Lázaro. No evangelho é narrado a triste morte de Lázaro, que comove profundamente Jesus, que chora. No diálogo com Marta, Jesus pergunta se ela crê na ressurreição dos mortos. Ela diz crer na ressurreição do último dia. Jesus então diz a ela: Eu sou a ressurreição e a vida. O que ela espera para o final dos tempos, Jesus realiza no tempo presente. Se estamos nele, ainda que passemos pela morte, ela não será o ponto final. Depois de ouvir as palavras de Jesus, Marta então professa sua fé: Respondeu ela: sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. Que o Senhor da vida ilumine teu dia. Deus te abençoe.
<<Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou>> Sl 33, 5
30 julho – Mt 13, 36-43
<<Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai>>
Os discípulos pedem a Jesus que explique a parábola do semeador. Ele ensina que há o semeador que semeia a boa semente, mas há também o maligno que semeia o joio e termina dizendo que haverá um juízo contra aqueles que replicam a malícia do maligno, semeando o joio, fazendo os outros pecar e praticar o mal. Há o bem e o mal, somos o tempo todo interpelados por essas duas realidades, mas a escolha por um e por ouro é feita por nós. Há dois caminhos, como diz o livro do deuteronômio, o da vida e o da morte. Escolha o da vida, está é a vontade de Deus. Que o Espírito Santo nos dê o dom do discernimento, para que possamos escolher o caminho de Deus e recusar a insistência do caminho que nos leva a perdição.
<<Ajudai-nos nosso Deus e salvador!>> Sl 78, 9
31 julho – Mt 13, 44-46
<<O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo>>
Jesus compara o Reino dos céus com um tesouro escondido num campo e como uma parola preciosa. Quem encontra este tesouro, relativiza todas as outras coisas e investe tudo o que tem para ter o que é mais precioso. Às vezes confundimos preço com valor e acabamos por entender como valoroso o que tem alto preço, mas nem sempre é assim. O que realmente é valoroso não pode ser precificado, dinheiro nenhum pode comprar, mas nem por isso não se pode ter. É preciso discernimento e saber priorizar, pra que o investimento que fazemos da vida não nos leve a comprar <<gato por lebre>> como diz o ditado. Perceba o que realmente vale e dê prioridade a isso.
<<Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me, elas se tornaram para mim uma delícia e alegria ao coração>> Jr 15, 16
01 agosto – Mt 13, 47-53
<<O Reino dos céus é como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo>>
Assim como na parábola do joio e do trigo, Jesus continua a ensinar sobre a paciência de Deus na parábola da rede lançada ao mar. Deus não tem pressa para julgar, mas para acolher, sua rede é lançada e apanha todo tipo de peixe, todos são acolhidos no seu Reino. Ele não está a procura de perfeitos, mas de pessoas dispostas a escolherem o caminho da vida e pra isso ele tem paciência, ele compreende que para cada pessoa há um processo, há um tempo necessário. Deus não desiste de nós!
<<Como é o barro na mão do oleiro, assim sois vós em minha mão, casa de Israel>> Jr 18, 6.
02 agosto – Mt 13, 54-58
<<Não é ele o filho do carpinteiro?>>
A afirmação fundamental da fé cristã é que Deus se fez humano e de que é através da humanidade de Deus que podemos conhecê-lo e que somos salvos. Para os conterrâneos de Jesus este era um fato difícil de conjugar com os milagres que eles testemunharam. Como pode ele fazer tudo isso, sendo ele o filho do carpinteiro, um conhecido nosso? Às vezes, também nós ignoramos a humanidade de Jesus, ignoramos sua vida histórica, porque ela nos convida a olhar para a realidade e encontrá-lo nela. Às vezes procuramos viver uma espiritualidade desconectada da realidade, ignorando o que se passa nela, olhando apenas para o céu, mas é sempre necessário lembrar que nossa fé se orienta ao Deus que se fez carne e habitou entre nós. Perceba os sinais de sua presença!
<<Respondei-me pelo vosso imenso amor, pela vossa salvação que nunca falha!>> Sl 68, 14
03 agosto – Mt 14, 1-12
<<Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta>>
João Batista é o precursor de Jesus também na morte inocente. Herodes o manda decapitar a pedido de sua esposa Herodíades, que era mulher de seu irmão Filipe. João Batista não se constrange diante da autoridade de Herodes e denuncia sua relação irregular com a mulher de seu irmão. Ele não se deixa manipular pela autoridade, nem se cala diante do que não é correto, mas, assumindo o risco, fala a verdade. Vivemos num tempo em que a verdade incomoda vai sendo substituída pela mentira facilitadora, e pior, sem constrangimento. O rico de naturalizarmos a mentira é não sermos mais capazes de distingui-la da verdade e a mentira acaba se tornando uma <<versão>> dos fatos, o que chamado hoje de <<narrativa>>. Lembra da história do Pinóquio, que a cada mentira contada seu nariz crescia? Pois é, a mentira nos deforma, nos descaracteriza, e vai criando uma imagem caricata de nós mesmos.
<<Cantando eu louvarei o vosso nome e agradecido exultarei de alegria!>> Sl 68, 31
04 agosto – Jo 6, 24-35
<<Senhor, dá-nos sempre desse pão>>
Depois do sinal da multiplicação dos pães, Jesus convida a multidão saciada do pão material a um ato de fé. O pão multiplicado é um sinal que aponta para aquele Pão que alimenta não somente o corpo, mas a vida integralmente. Jesus diz que é o Pai que dá este pão que vem do céu e que não é como o maná, que alimenta, mas não sacia a fome. A multidão, entusiasmada com as palavras de Jesus, pede a ele: Senhor, dá-nos sempre desse pão! Este também é um pedido nosso. Desejamos o Pão que sacia. Ao nosso pedido o Senhor responde: Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede. No Banquete da Eucaristia ele nos alimenta, é na Santa Missa que suas palavras se cumprem. Você já foi à Missa hoje?
Hoje também a Igreja celebra a memória de São João Maria Vianney, um pároco zeloso, que dedicou toda sua vida nos cuidados de sua paróquia na pequena cidade de Ars, na França, levando muitas pessoas ao encontro com a misericórdia de Deus através do sacramento da reconciliação. Ele foi proclamado padroeiro dos padres, por isso também, no dia em que celebramos sua memória, a Igreja celebra o dia do Padre.
Nunca deixe de rezar pelos padres!
<<O homem se nutriu do pão dos anjos>> Sl 77, 25
05 agosto – Mt 14, 13-21
<<Todos comeram e ficaram satisfeitos>>
Nesses últimos dias temos ouvido nos evangelhos o Senhor nos falar de fome e pão, e de si mesmo como o Pão da vida. É uma oportunidade para pensarmos sobre o como e com o quê temos alimentado nossa vida. Certamente você já ouviu a frase <<nós somos o que comemos>>. Ela diz respeito ao impacto do consumo dos alimentos na nossa saúde. Mas se pensarmos um pouco além, de muitas outras coisas alimentamos a vida e essas escolhas impactam a nossa saúde psíquica e espiritual. Não podemos negligenciar este cuidado, porque nosso estilo de vida determina o que somos e o que queremos ser.
Hoje também é um dia muito especial. Celebramos o nosso padroeiro, Santo Emídio. Um bispo, um cristão, que alimentou de tal forma a sua vida, que se configurou a Cristo na vida e também na morte, sendo martirizado porque não renunciou a sua fé. Que o seu testemunho e sua intercessão nos fortaleçam, para que também nós, mesmo em meio aos abalos da vida, possamos testemunhar que somos de Cristo.
<<Afastai-me do caminho da mentira e dai-me a vossa lei como um presente>> Sl 118, 29
06 agosto – Mc 9, 2-10
<<Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz>>
Hoje a Igreja celebra a festa da Transfiguração. Jesus sobe à montanha com Pedro, Tiago e João e lá se transfigura diante deles. No resplendor da cena aparecem Moisés, simbolizando a Lei e Elias, simbolizando os profetas. Os discípulos ficam extasiados. Em seguida, uma nuvem aparece e dela ressoa uma voz: Este é o meu filho amado. Escutai o que ele diz.
Nós também somos testemunhas da glória do Senhor. De muitas formas ele continua a se manifestar a nós e sua voz continua a nos ensinar. Na celebração da Eucaristia ele nos fala na Palavra proclamada e sua glória nos é revelada no Pão repartido, que é o seu corpo ressuscitado que alimenta nossa vida. A glória do Senhor também resplandece através do nosso testemunho. Toda vez que somos fiéis à sua Palavra e buscamos viver o evangelho com alegria, sua luz resplandece e ilumina. Ouçamos a voz do Senhor e coloquemos em prática a sua palavra.
<<Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam>> Dn 7,14
07 agosto – Mt 15, 21-28
<<Senhor, socorre-me>>
Uma mulher cananeia, ou seja, pagã vai ao encontro de Jesus pedir por sua filha, que era atormentada por um demônio. Jesus nega seu pedido. Os discípulos querem que ele a mande embora, mesmo assim ela insiste e continua a suplicar por sua filha. O que o evangelista Mateus quer mostrar é a fé insistente daquela mulher pagã. Ela não desiste de suplicar, mesmo quando a graça que pede não é atendida. A insistência daquela mulher comove Jesus, que admira sua fé e atende o seu pedido.
De fato, orar exige perseverança e insistência. Não porque Deus é indiferente à nossa oração, mas porque precisamos nos convencer da importância daquilo que pedimos. Oração também é um processo de discernimento, em que, ao pedir ao Senhor uma graça, a gente vai avaliando também o que estamos pedindo e percebendo o que nos cabe e o que depende só de Deus. Oração é sobretudo um encontro com o Senhor, um diálogo de amor que nos conduz à intimidade com ele. Você já rezou hoje?
<<Mudarei em alegria o seu luto, serei consolo e conforto após a guerra>> Jr 31, 13
08 agosto – Mt 16, 13-23
<<E vós, quem dizeis que eu sou?>>
Jesus pergunta aos discípulos sobre o que as pessoas dizem quem ele é. A resposta é variada. Voltando para eles, ele faz a mesma pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro, em nome da comunidade professa a fé, afirmando que Jesus é o Messias. Sobre a fé que Pedro professa, a Igreja é edificada, diz Jesus, que continua neste diálogo ensinando sobre o caminho do Messias, que deverá passar por sofrimentos, perseguições, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro se escandaliza com o que diz Jesus, que logo o repreende, o chamando de Satanás, porque pensa como os homens e não como Deus. Pedro tem dificuldade de compreender Jesus como o Messias-Servo, porque está ainda apegado à ideia de um Messias poderoso. Às vezes, nós também nos esquivamos da cruz, porque queremos um Deus que responda às nossas expectativas. Pedro aprendeu com o tempo, permitiu ser esclarecido por Jesus e abriu-se à força do Espírito Santo, que o levou, inclusive, a semelhança do Mestre, a dar a vida pela fé.
<<Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido>>Sl 50, 12
09 agosto – Mt 16, 24-28
<<Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga>>
Depois de ensinar a Pedro sobre o Messias-Servo Sofredor, Jesus o convida, convida também os outros discípulos e a nós a tomar uma decisão. Se queremos segui-lo, ele diz que é necessário desapegar-se de si mesmo, ser capaz de fazer da vida um serviço de amor às pessoas. Quem se volta somente para a própria satisfação, pensando em si mesmo o tempo todo, perde o sentido de sua existência e se enclausura no próprio egoísmo. O amor nos ajuda vencer o egoísmo e nos coloca em direção ao outro. A gente sabe bem, ninguém é feliz sozinho, pensando em si mesmo. Somos felizes a medida em que nos empenhamos na felicidade do outro. Esse é o caminho para quem deseja seguir Jesus.
<<Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida?>> Mt 16, 26.
10 agosto – Jo 12, 24-26
<<Quem se apega à sua vida, perde-a>>
Hoje a Igreja celebra o Diácono São Lourenço, mártir da Igreja de Roma, do século IV. Seus perseguidores pensavam que ele era possuidor de bens materiais e queria tomar dele sua riqueza. No entanto, Lourenço afirma que sua riqueza eram os pobres, confiados a ele pela Igreja. Diante disso, seus perseguidores o queimaram vivo. Lourenço faz jus à palavra de Jesus: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muitos frutos. Ele, oferecendo sua vida ao cuidado dos pobres e a profissão coerente da fé, ao ponto de morrer por ela, conservou sua vida para a vida eterna, como prometeu Jesus. Hoje, celebrando o Diácono Lourenço, a Igreja celebra o ministério diaconal daqueles que, com generosidade e desapego, oferecem sua vida no serviço à Comunidade. Nossa paróquia louva a Deus pela vida do Diácono Nelson, que testemunha para nós, no exercício do ministério a ele confiado, o Cristo Servo. Não se esqueça de rezar por ele e pelos outros diáconos, para que sejam fiéis ao Senhor no serviço aos irmãos e irmãs.
<<Quem semeia pouco, colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza>> 2Cor 9, 6-10.
11 agosto – Jo 6, 41-5
<<E o pão que eu darei é minha carne para a vida do mundo>>
Temos ouvido nesses últimos dias o Senhor se apresentar a nós como o Pão da Vida. De fato, o pão tem lugar de grande relevância na experiência de fé de Isael, pois não é apenas o alimento do cotidiano, mas o alimento que Deus ofereceu para o povo que caminhava no deserto, durante 40 anos, rumo a terra prometida, por isso, pão é o alimento de quem está caminhando. Jesus é o pão dos peregrinos, dos que caminham na peleja da vida, e mesmo em meio aos muitos obstáculos, tem nele a fonte da esperança e da coragem pra seguir. Hoje é domingo, dia do Senhor, dia de celebrar a Eucaristia, de renovar nossas forças, alimentados pelo Pão da Vida, que é Jesus, vivo e verdadeiro, carne para a vida do mundo, como ele mesmo se revela a nós.
<<Levanta-te e come! Ainda tens um caminho longo a percorrer>> 1Rs 19, 7
12 agosto – Mt 17, 22-27
<<Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará>>
Jesus anuncia aos discípulos a paixão. Ele não alimenta fantasias, nem distorce a realidade. O modo como vive, as coisas que diz e sua postura diante das autoridades religiosas e civis, não resultará em outra consequência senão o sofrimento e a morte. Os discípulos ficam tristes. Não é de se espantar. Eles não desejam o mal para Mestre. Mas Jesus não pode ser infiel a sua missão, muito menos normalizar e se calar diante do mal praticado, sobretudo contra os mais frágeis. O silencio diante do mal é conivência. É tomar partido. Jesus, no entanto, escolhe o lado dos desprezados, dos sobrecarregados pelo império e pela religião. Ele revela o rosto misericordioso do Pai, e alimenta a fúria dos que espezinham o povo, com uma imagem distorcida de Deus, interessados tão somente em obter vantagens. As consequências da posição de Jesus serão sofrimento e morte, mas ele afirma aos discípulos: o mal não dará a última palavra: Eles o matarão, mas ao terceiro dia ressuscitará.
<<Louvem o nome do Senhor, louvem-no todos, porque somente o seu nome é excelso>> Sl 148, 12
13 agosto – Mt 18, 1-14
<<Não desprezeis nenhum desses pequeninos>>
Os discípulos fazem uma pergunta a Jesus: quem é o maior no Reino dos céus. Certamente esta pergunta esperava uma resposta que apontasse para figuras importantes, relevantes, de poder. No entanto a resposta de Jesus é intrigante e reveladora sobre o Reino dos céus: quem se faz pequeno como uma criança será o maior no Reino dos céus. A criança, no contexto social de Jesus não possuía nenhuma importância, porque não era capaz de gerir a própria vida, e em tudo, dependia dos outros, ou seja, é uma figura de fragilidade e dependência. Jesus subverte a ideia de poder e importância. Nem sempre nos damos conta dos ensinamentos de Jesus, e insistimos, inclusive na Igreja, numa ideia de poder que busca semelhanças no poder do mundo. Jesus é contundente: se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos céus.
Hoje é dia de Santa Dulce dos pobres. Ela se fez pequena entre os pequenos. Que o seu testemunho e intercessão nos ajude a encontrarmos o caminho do Reino de Deus.
<<Assim fala o Senhor: Não sejas rebelde como esse bando de rebeldes. Abre a boca e come o que eu te vou dar>> Ez 2, 8
14 agosto – Mt 18, 15-20
<<Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular>>
No evangelho de hoje Jesus ensina sobre a correção fraterna. Corrigir o que errou é um gesto de amor, de cuidado e uma forma de dizer ao outro que a gente se importa com ele. Porém, ensina Jesus, a correção precisa preservar a imagem daquele que errou, de modo que é a sós que se corrige, nunca na frente dos outros, de modo a expor ou humilhar publicamente. O Senhor também ensina que não se pode desistir do irmão errante que às vezes insiste no erro. Se ele não te escutar, chame duas ou três pessoas para ajudar. Se ainda insiste, leve o irmão à Igreja para que lá ele seja corrigido. Mas se ainda ele não se corrigir, ele estará dando sinais claros de que escolheu pelo erro, de modo que é preciso deixá-lo seguir pelo caminho escolhido, ainda que equivocado. Não nos apressemos em julgar, mas sejamos fraternos uns com os outros e não nos deixemos levar pelos comentários maldosos contra o que errou, nem nos convencer que o erro determina quem são as pessoas. Todos, inclusive nós, cometemos erros e merecemos ser corrigidos e ter uma nova chance.
<<Do nascer do sol até o seu ocaso, louvado seja o nome do Senhor!>> Sl 112, 3
15 agosto – Mt 18, 21- 19, 1
<<Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete>>
Quantas vezes devo perdoar a quem pecar contra mim? Até sete vezes, pergunta Pedro a Jesus. Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete, responde o Senhor. Para explicar o porquê da necessidade de perdoar sempre, Jesus conta a Pedro uma parábola, em que um rei resolveu acertar as contas com seus empregados. Um empregado que tinha uma enorme dívida suplicou ao rei e teve sua dívida perdoada. Este mesmo empregado tinha um companheiro que lhe devia algumas moedas, e implacavelmente não perdoou sua dívida. O rei, ao saber o que seu empregado perdoado fez com seu companheiro, manda buscá-lo e lhe faz uma pergunta: Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? Essa é a pergunta que Deus faz a nós! Suplicamos de Deus o perdão, mas nem sempre somos generosos para perdoar. Queremos de Deus a compaixão, mas oferecemos aos que erraram contra nós, a condenação. Jesus termina a parábola dizendo que o rei mandou o empregado cruel aos torturadores, até que pagasse a dívida e sentencia: o Pai do céu fará o mesmo se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.
<<Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?>> Mt 18, 33
16 agosto – Mt 19,3-12
<<Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne>>
Jesus é perguntado pelos fariseus sobre a permissão para o divórcio. O Senhor responde não de maneira simplista, dizendo sim ou não. Esta é uma questão complexa e que se deve olhar de modo mais cuidadoso. Jesus começa pelo principal, resgatando a natureza do casamento: Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. A matemática do amor subverte a matemática lógica: um mais um é igual a um. O homem se une à mulher e os dois serão uma só carne. Este é o mistério do matrimônio, é a graça celebrada no rito e na vida, onde marido e mulher vão descobrindo ao longo da vida que, para ser um é preciso aprender a vencer o egoísmo que endurece o coração e encontrar dentro de si um lugar para o outro. Que o Senhor abençoe os casais, especialmente os que têm vivido momentos difíceis no relacionamento, para que, com paciência e cuidado, possam encontrar o caminho do amor que gera unidade.
<< Eis o Deus, meu Salvador, eu confio e nada temo; o Senhor é minha força, meu louvor e salvação>> Is 12,2
17 agosto – Mt 19, 13-15
<< Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus>>
As pessoas levavam crianças até Jesus para que ele orasse por elas. Os discípulos se incomodam e querem impedir que isso aconteça. Jesus os repreende e diz: Deixai as crianças, e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos Céus. Esta palavra do Senhor é reveladora sobre o mistério do Reino dos Céus. O Reino é das crianças. O que elas podem fazer para merecer? Nada. Porque o Reino é para aqueles que não colocam a segurança em suas capacidades, nem pensam em conquistar alguma coisa de Deus, mas se entendem diante Dele como filhos necessitados, que em tudo dependem do Pai. Não há vaidade, orgulho ou soberba, mas confiança. Muita coisa podemos aprender com as crianças. Talvez descomplicar um pouco a vida seja um bom começo.
<< Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido>>Sl 50, 12
18 agosto – Lc 1, 39-56
Hoje a Igreja celebra a assunção de Maria ao céu. A assunção de Nossa Senhora é um dogma proclamado em 1950, pelo Papa Pio XII, que define assim: <<a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial>>. Maria, a cheia de graça, como ouvimos no evangelho de hoje, foi preservada por Deus, do pecado original, para ser a mãe do Senhor, como também afirma um outro dogma, o da Imaculada Conceição de Maria, proclamado em 1854, pelo Papa Pio IX. Preservada do pecado e cheia de graça, Maria experimenta antecipadamente aquilo que todos nós somos chamados a viver: a realização do Mistério Pascal do Senhor, que pela sua morte e ressurreição, transformou nossa vida, nos libertando da morte como ponto final de nossa existência, abrindo para nós o caminho da plenitude em Deus. Que a intercessão da Mãe de Jesus e nossa, nos ajude a cada dia a viver segundo a graça que Deus nos concedeu, de sermos chamados seus filhos.
Hoje também a Igreja celebra o dia dos religiosos e das religiosas. Nossa Paróquia tem o privilégio ter junto a nós duas congregações religiosas: CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DE SÃO JOSÉ e FAMÍLIA MISSIONÁRIA DA REDENÇÃO. Rezemos pelas irmãs e supliquemos ao Senhor que envie operários para a messe, porque a messe é grande e os operários são poucos.
<<Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo>> 1Cor 15, 57.
19 agosto – Mt 19, 16-22
Um jovem se aproxima de Jesus e pergunta sobre o que deve fazer para ter a vida eterna. Jesus aponta para o caminho dos mandamentos. O jovem responde que já cumpre os mandamentos. Então Jesus o convida a um passo importante: então se desapegue de tudo o que você tem e terás um tesouro no céu. O evangelho termina dizendo que o jovem vai embora triste, porque era muito rico. Preço e valor não são a mesma coisa. O que realmente tem valor não se pode atribuir preço, porque nenhum número pode mensurar. O que tem valor não está submetido a variações e desvalorização, nem pode ser comprado. O que tem preço, uma hora custa uma cifra e em outro momento, pode mudar completamente. Às vezes confundimos as duas coisas, e elegemos como valoroso o que tem alto preço. Há coisas na vida de imensurável valor e que talvez, se precificado, não custa nada. Quanto custa um abraço? Qual o preço para estar ao lado de quem se ama?
<<Se queres ser perfeito, vai, vende tudo que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me>> Mt 19, 21.
20 agosto – Mt 19,23-30
<<Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos. E muitos que agora são os últimos, serão os primeiros>>
O evangelho de hoje nos apresenta dois temas que se entrelaçam: o perigo do apego às riquezas e a recompensa para quem se desapega. Jesus continua a ensinar seus discípulos sobre o que realmente tem valor, como vimos no evangelho de ontem. Colocar as coisas precificáveis em primeiro lugar, pode nos levar à mais alta pobreza, porque não há pobreza maior do que ter apenas dinheiro e as coisas que o dinheiro pode comprar. É bem verdade que algum poder econômico nos é muito útil, precisamos de dinheiro e das coisas que podemos adquirir através dele, mas é fundamental que ele ocupe o lugar certo e não esteja acima das coisas que realmente têm valor. E aqui está a importância do desapego. Só consegue se desapegar das coisas quem sabe reconhecer o valor delas e sabe colocá-las numa hierarquia de importância.
<<A verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão>> Sl 84, 11
21 agosto – Mt 20, 1-16
<<Ide também vós para minha vinha>>
No evangelho de hoje, Jesus conta aos discípulos uma parábola em que um patrão saiu em diferentes horas do dia e contratou empregados para trabalharem na sua vinha. Combinou de pagar o que for justo. No final do dia, chamou todos os trabalhadores e pagou aos que começaram a trabalhar na primeira hora e aos que começaram a trabalhar já no final do dia, uma moeda de prata. Os primeiros então reclamaram com o patrão, porque não julgaram ser justo receber o mesmo que aqueles que trabalharam apenas uma hora. O patrão pergunta se eles estavam com inveja, porque ele tinha sido bom. Esta parábola expressa a realidade religiosa do tempo de Jesus, onde alguns se sentiam privilegiados diante de Deus porque caminhavam na fé a mais tempo. Na Igreja, às vezes isso também acontece. Alguns invocam privilégio e autoridade porque pertence a comunidade muito tempo. Em geral, repetem com insistência a frase: Eu estou aqui desde…meu pai colocou os tijolos dessa Igreja…isso aqui era tudo mato quando cheguei…Mas deveria ser diferente. Quanto mais tempo caminhando na fé, mais aberto ao acolhimento deveria estar. Como é triste quando o tempo de caminhada na fé não melhora as pessoas.
<<Assim diz o Senhor Deus: vede, eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas>> Ez 34, 11
22 agosto – Lc 1, 26-38
<< “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!>>
Hoje a Igreja celebra a memória da Bem-aventurada Virgem Maria Rainha. Maria é coroada como rainha pela Igreja, porque primeiro recebeu do Senhor a coroa de glória, que a fez imaculada, para que fosse digna morada do seu Filho e a elevou ao céu, de corpo e alma, para que fosse modelo para todo cristão. Hoje, suas palavras nos inspiram: <<Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra>>. Sua glória é ser serva do Senhor, seu reinado é o serviço de amor aos seus filhos e filhas, com sua materna intercessão. Que a humildade de Maria e sua disponibilidade a Deus nos inspire!
<<O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu.>> Is 9,1
23 agosto – Mt 13, 44-46
<< O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo>>
Jesus compara o Reino dos céus como um tesouro escondido num campo e com uma perola preciosa. Quem encontra o que é precioso, investe tudo que tem para adquirir aquilo de grande valor. As escolhas que fazemos na vida indicam onde estão os nossos valores. Veja bem no que você tem se dedicando, perceba onde está sua preocupação. No que você tem mais investido tempo? Tudo isso te dirá sobre o que você tem escolhido como precioso para você. Às vezes a gente nem percebe, não nos damos conta do quanto temos nos voltado a algumas coisas que não merecem o tempo nem o esforço que investimos, pode acontecer também que o que realmente é precioso é tratado como coisa qualquer, sem a dedicação que merece. Fiquemos atentos ao que nos diz Jesus: onde está o teu tesouro, aí também estará o teu coração.
<<Irmãos, quem se gloria, glorie-se no Senhor.>> 2Cor 10,17
24 agosto – Jo 1, 45-51
Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo São Bartolomeu, também chamado no Evangelho de Natanael. Bartolomeu era de Caná e tinha uma certa desconfiança de quem era de Nazaré. Quando seu amigo Felipe lhe falou de Jesus de Nazaré, ele logo pergunta: de Nazaré pode sair coisa boa? No entanto Filipe o convida a conhecer Jesus. E ele vai. No encontro com Jesus, Bartolomeu passa da desconfiança à fé e proclama: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel. Quando nossa fé parecer pequena, quando tudo parecer sem sentido e nos sentirmos fracos, que o convite de Filipe a Bartolomeu <<Vem ver>> ressoe em nosso coração. É indo até Jesus, é no encontro com ele que a fé reaviva e que a vida retoma seu sentido.
<< Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente.>> SL 144, 18
25 agosto – Jo 6, 60-69
<< A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna>>
Hoje é domingo, Dia do Senhor! O evangelho de hoje nos mostra que muitos discípulos de Jesus, depois de ouvirem seu discurso sobre o Pão da Vida que é seu corpo e sangue, ficaram escandalizados e o abandonaram. Jesus se volta aos apóstolos e pergunta se eles também querem ir embora. Pedro, no entanto, proclama: <<A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna>>. O seguimento de Jesus é exigente, porque nos convida a uma importante mudança de mentalidade, que parte do modo de viver de Jesus e de suas palavras. Não são poucas as vezes que os evangelhos narram o escândalo que Jesus desperta naquelas pessoas que o encontram. Ele realiza milagres e demonstra grande sabedoria e seus conterrâneos questionam sua origem e não acreditam nele. Ele se aproxima dos doentes e pecadores e as autorizardes judaicas o desaprovam. Ele fala do amor infinito de Pai e os religiosos se incomodam. Ele fala de cruz e seus discípulos o repreendem, e quando é capturado pelas autoridades, açoitado e crucificado, eles o abandonam. De fato, quem deseja seguir Jesus, mas seleciona apenas o que lhe é confortável crer, sem que haja nenhuma mudança de mentalidade e do modo de viver, segue a si mesmo e não a Cristo. A pergunta de Jesus se estende a nós: Vós também vos quereis ir embora?
<<Quanto a mim e à minha família, nós serviremos ao Senhor>> Js 24, 15
26 agosto – Mt 23, 13-22
<<Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas>>
No evangelho de hoje, Jesus acusa de hipocrisia os fariseus e mestres da Lei, que tornam da religião um fardo pesado e instrumento de controle das pessoas, impossibilitando-as de viverem um encontro libertador com o Deus que é puro amor e gratuidade. É interessante e trágico perceber que estas posturas dos religiosos do tempo de Jesus são assumidas por pessoas que dizem segui-lo. Quantos fundamentalistas e moralistas que arrebanham uma multidão de pessoas adoecidas por causa de uma religiosidade que estimula à culpa e ao medo, tornando-as obedientes e dóceis aos seus comandos. Quantos pregadores fazendo fama e dinheiro usando o nome de Jesus, mas agindo como aqueles que Jesus se contrapôs. Que o nosso coração se volte sempre ao Senhor e que o Espírito Santo nos conduza pelos caminhos do Evangelho, para vivermos na fidelidade a Ele.
<< Que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação>> 2Ts 1,5
27 agosto – Mt 23, 23-26
<<Vós filtrais o mosquito, mas engolis o camelo>>
Jesus continua seu discurso contra as práticas hipócritas dos fariseus e mestres da Lei. Ele os acusa de se preocuparem com minucias, mas abandonarem o que é mais o importante da Lei. Pagam o dízimo da hortelã, mas não praticam a justiça, a misericórdia e a fidelidade a Deus. Às vezes, nos preocupamos exageradamente com alguns detalhes, como forma de mascarar nossa infidelidade ao que é mais importante. Quantas vezes ficais litúrgicos discutem pequenos gestos sem se darem conta da grandeza do mistério celebrado? Quanto amor não oferecido, porque o outro não professa a mesma fé? Quantas portas fechadas porque entendemos que o diferente é nosso inimigo? As leis que decorrem da fé são como bússolas norteiam nosso caminho até o Senhor e não muros que impossibilitam o acesso a Ele.
<< Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou em sua graça e nos proporcionou uma consolação eterna e feliz esperança, animem os vossos corações e vos confirmem em toda a boa ação e palavra>> 2Ts 2, 16-17.
28 agosto – Mt 23, 27-32
<<por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça>>
Jesus denuncia os fariseus e mestres da Lei, que demonstram uma aparente piedade, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça. As palavras de Jesus são duras e revelam a necessidade de estarmos sempre atentos para não cairmos na tentação de vivermos a fé investindo apenas na aparência, com símbolos e discursos religiosos vazios, porque não expressam convicções interiores, nem um desejo sincero de conversão. É bem verdade que nem sempre conseguimos viver com coerência. Deus conhece nossas fragilidades e incongruências. O problema é quando nos convencemos de que estamos prontos e de que não há nada para ser transformado dentro de nós. E em geral, quando isso acontece, nos tornamos juízes dos outros, incapazes de olhar para os nossos erros, mas sempre atentos aos erros alheios. Deus nos livre dessa tentação!
<<A graça de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vós>> 2 Ts 3, 18
29 agosto – Mc 6, 17-29
<<O rei mandou que o soldado fosse buscar a cabeça de João>>
João Batista, precursor de Jesus, morre por fidelidade ao seu testemunho. Não cedeu diante do mal e da normalização do erro, mas foi até as últimas consequências com aquilo que acreditava. Sua coragem e coerência são recordadas hoje como modelo para nosso testemunho cristão. Vivemos num tempo onde a vida é tão facilmente banalizada, onde os valores que norteiam nossa convivência são desprezados, onde a fraternidade é ameaçada por tanta violência e discursos de ódio. E tudo isso se impõe de tal forma para que nos pareça normal. Como é difícil remar contra a maré. Fixemos nossos olhos em Jesus e supliquemos que Ele nos ajude a cada dia, testemunhar o evangelho com alegria e coragem, para que sejamos neste mundo insosso e tenebroso, sal da terra e luz do mundo.
<<Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança>> Sl 70, 5
30 agosto – Mt 25, 1-13
<<Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora>>
Jesus conta aos discípulos uma parábola em que, dez jovens saem com lâmpadas e óleo ao encontro do noivo. Cinco eram previdentes e outras cinco não. O noivo vem, e aquelas que não levaram óleo para alimentar as lâmpadas estão ausentes, porque, ao faltar o óleo, foram à cidade para compar, não se prepararam no tempo oportuno. A parábola termina com uma exortação de Jesus: vigiai, pois não sabemos qual será o dia, nem a hora em que o noivo chegará. O tema da vigilância é recorrente nos evangelhos, pois exorta para a necessidade de não vivermos a vida de modo displicente, desorientado e irresponsável. Vigiar é cuidar do como temos vivido, das nossas escolhas e do como temos aproveitado o tempo que temos.
<<A pregação a respeito da cruz é uma insensatez para os que se perdem, mas para os que se salvam, para nós, ela é poder de Deus>> 1Cor 1, 18
31 agosto – Mt 25, 14-30
No evangelho de hoje, Jesus conta aos discípulos a parábola dos talentos. Deus dá a cada um talentos para que sejam investidos dinamicamente na construção do Reino de Deus. Há alguns que se empenham e multiplicam os talentos recebidos, mas há outros que, por medo ou preguiça, os escondem. A vigilância, tema da parábola das dez virgens que ouvimos ontem, exige dinamismo e uma pitada de ousadia. É tentador, e às vezes confortável, ficar no mesmo lugar, se convencer de que não há nada o que fazer, se conformar inclusive com o que está ruim, e de modo fatalista, acreditar que as coisas são assim mesmo. Deus dá a cada um de nós muitos dons e talentos, a cada um inspira de modo singular, para que a vida encontre seu sentido, mas a graça de Deus precisa se encontrar com nossa disposição e acolhimento para frutificar. Deus respeita nossas escolhas e nossas posturas, Ele não nos trata como marionetes. Ele nos enriquece com sua graça, mas colocá-la em prática, depende de nós.
<<Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte>> 1Cor 1, 27
01 setembro – Mt 7, 1-23 – Domingo, dia do Senhor
<<Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens>>
Hoje é domingo, dia do Senhor. No Evangelho, os fariseus e escribas questionam a Jesus sobre as tradições que não eram observadas pelos seus discípulos. Jesus reconhece a hipocrisia deles e os acusa de seguir as tradições humanas, mas ignorar o mandamento de Deus, honrando a Deus com os lábios, mas não tê-Lo no coração. É preciso constante vigilância e discernimento, para não cairmos na mesma situação. Nem sempre a observância de algumas regras ou trejeitos religiosos caricatos é sinal de coerência e obediência a Deus. Às vezes é só barulho e expressão do vazio que existe em nós, por isso, é fundamental que voltemos sempre ao Senhor, com sinceridade e genuína disposição para ouvi-Lo e fazer a Sua vontade.
<<Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas>> Tg 1, 21
02 setembro – Lc 4, 16-30
<<Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir>>
Na sinagoga de Nazaré, Jesus lê um trecho do livro do profeta Isaías, que diz sobre o ungido de Deus e a chegada de um tempo novo, de libertação e graça. Ao fechar o livro anuncia que o que acabou de ler agora se concretiza: Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir. Em Jesus, o tempo da liberdade e da graça chegou para nós. Ele é a Palavra viva de Deus, que realiza o que anuncia. Hoje, ao ouvir sua palavra, somos convidados a renovar nossa fé, à diferença dos nazarenos, como nos mostra o evangelho, que o rejeitaram e não quiseram mais ouvi-lo.
<<Pois, entre vós, não julgueis saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado>> 1Cor 2, 2
03 setembro – Lc 4, 31-37
<<Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus>>
Jesus está na Sinagoga em Cafarnaum. Lá está um homem possuído por um espírito de um demônio, que reconhece Jesus como o Santo de Deus. Jesus manda calar o demônio e o expulsa daquele homem. As pessoas ficam espantadas, porque Jesus tem autoridade diante dos espíritos impuros. Diante do poder de Deus o mal não se sustenta. A autoridade da Palavra de Deus expulsa o demônio e purifica a vida. Às vezes, equivocadamente, pensamos que ser equivalentes o poder de Deus e o poder do mal, mas não é verdade. O evangelho revela que até o demônio sabe quem é Jesus e o chama de <<Santo de Deus>>. Deus é infinitamente maior do que todo o mal, que só prevalece em nós, quando deliberadamente o escolhemos. Que Deus nos livre dessa má escolha! Acolhamos a Deus e o seu amor!
<<Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu>> 1 Cor 2, 12
04 setembro – Lc 4, 38-44
<< Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou>>
A sogra de Pedro estava acamada, sofrendo com uma febre alta. Sabendo que Jesus estava por perto, algumas pessoas pedem pela sua saúde. O evangelho diz que Jesus se inclina sobre ela, ameaça a febre e a cura. É claro que a nossa atenção se volta ao momento em que Jesus cura a sogra de Pedro, porém não é menos importante a súplica das pessoas, que vão até Jesus, apresentar a situação de enfermidade que acometia a mulher. Como é importante a nossa oração ao Senhor pelas necessidades uns dos outros. Rezar por alguém é um gesto de amor. Rezemos uns pelos outros.
<< Com efeito, nós somos cooperadores de Deus, e vós sois lavoura de Deus, construção de Deus>> 1Cor 3, 9
05 setembro – Lc 5, 1-11
<<Avança para águas mais profundas>>
Jesus está às margens do lago de Genesaré. Muitas pessoas querem ouvi-lo. Depois de ensinar as multidões, Jesus se aproxima da barca de Pedro e o convida a avançar para águas mais profundas e lançar as redes para pesca. Pedro diz que nada tinha pescado naquele dia, mas em atenção à palavra de Jesus, irá lançar novamente as redes. A pesca então é bem-sucedida. Jesus, enfim, diz a Pedro, que a partir daquele instante, ele não seria mais pescador de peixes, mas de homens, indicando a vocação de Pedro. Vejam que interessante. Pedro era um pescador experiente. Jesus não era pescador, certamente entendia de pesca muito menos que Pedro, mesmo assim, Pedro confia na palavra de Jesus, que ele tinha acabado de conhecer. Certamente Pedro sentiu a força daquelas palavras. Que também nós, ouvindo a palavra do Senhor, possamos fazer um ato de fé e em atenção ao que nos diz o Senhor, colocá-la em prática.
<< vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus>> 1 Cor 3, 23
06 setembro – Lc 5, 33-39
<<Vinho novo deve ser colocado em odres novos>>
Jesus diz no evangelho de hoje que ninguém tira retalho de roupa nova para colocar em roupa velha e nem vinho novo se coloca em odres velhos. Não adianta remendar o que precisa ser renunciado, não adianta disfarçar o que precisa ser transformado. A vida precisa estar em constante transformação e para isso, nos é exigido a coragem de abandonar o que impede que o novo venha. Quantas vezes não saímos do lugar porque ficamos apegados às coisas que já não nos servem mais? Quantas vezes investimos na aparência e desprezamos o cuidado do nosso interior? O modelo de vida que encontramos em Jesus exige transformação interior, exige renúncia de modelos e mentalidades envelhecidos, para vivermos o novo de Cristo.
<<Ele iluminará o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações>> 1Cor 4,5
07 setembro – Lc 6, 1-5
<<O Filho do Homem é senhor também do sábado>>
No evangelho Jesus é questionado pelos fariseus porque seus discípulos colhem espigas em dia de sábado. Para os judeus, o sábado é o dia do repouso, conforme lemos no relato do Gêneses. Depois de seis dias criando tudo o que existe, no sétimo dia, ou seja, no sábado, Deus, satisfeito com tudo o que havia feito, descansou. Jesus não subverte a sacralidade do sábado, mas convida os fariseus a uma reflexão: os discípulos colhem espigas em dia de sábado porque tinham fome. O que é mais importante: a manutenção da vida ou a Lei? A Lei foi feita para os homens, ou os homens para a Lei, ou seja, quem é mais importante, a Lei ou a vida? A resposta não é a escolha de uma ou de outra, mas a compreensão de que o Senhor que deu a Lei, a deu para que a vida pudesse ser cuidada e o seu valor fosse preservado, de modo que, colher espigas para saciar a fome em dia de sábado é o cumprimento da Lei.
<<É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz>> Sl 144, 17.
08 setembro – Mc 7, 31-37
<<Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar>>
Hoje é domingo, dia do Senhor! No evangelho, é apresentado a Jesus um homem que era surdo e que falava com dificuldade. Jesus toca seus ouvidos e sua língua, e olhando para o céu, diz <<Éfata>>, que quer dizer <<abre-te>>, como nos informa o texto sagrado. O homem então volta a ouvir e falar sem dificuldade. No ritual do batismo, embora às vezes se omita, o mesmo foi feito conosco. Nossos ouvidos foram tocados para que estejam atentos e abertos para ouvir a Palavra do Senhor e em nossa língua foi colocado um pouquinho de sal, recordando o que nos disse o Senhor, de que somos sal da terra e luz do mundo, e que devemos testemunhar aos outros o que experimentamos no encontro com Ele. Renovemos estes gestos batismais e deixemos ser tocados pelas mãos do Senhor, para que a Palavra de Vida encontre abrigo em nós e que nos oriente para um testemunho fiel da fé que professamos.
<<Meus irmãos: a fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas>> Tg 2,1
09 setembro – Lc 6, 6-11
<<O que é permitido fazer em dia de sábado, o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?>>
Jesus entra na sinagoga. Era sábado. Lá havia um homem com a mão seca, atrofiada. Os mestres da Lei e fariseus ficam à espreita para ver se Jesus iria curá-lo, pois era sábado. Jesus cura o homem da mão seca. Os que estavam à espreita ficam com raiva e começam a maquinar contra Jesus. Chama a atenção no texto sagrado a postura dos mestres da Lei e fariseus. Eles estavam na sinagoga, lugar sagrado, onde se estudava a Torá, e era sábado, dia consagrado a Deus, no entanto, eles se ocupam em reparar o que os outros faziam, ao invés de se dedicarem às atividades religiosas, ficavam como fiscais da vida alheia, à espreita, prontos para apontar o dedo quando alguma regra não fosse cumprida à risca. Este é um sintoma da superficialidade e da hipocrisia que algumas pessoas manifestam, quando, incapazes de se ocuparem com a própria conversão, ou mesmo escamoteando as próprias fragilidades, chamam a atenção para o alheio. Deus nos livre dessa postura!
<<Ó Senhor, abominais o sanguinário, o perverso e enganador>> Sl 5, 7
10 setembro – Lc 6, 12-19
<< E passou a noite toda em oração a Deus>>
O evangelho de hoje narra o chamado de Jesus aos seus doze apóstolos. Antes de chamá-los Jesus passa a noite toda em oração a Deus, indicando a importância desse momento de escolha e decisão. A oração precede a ação. Como seria bom se tivéssemos essa mesma postura e colocássemos a oração à frente de nossas decisões e dos momentos importantes da nossa vida. Às vezes rezamos só depois de tomarmos decisões equivocadas, depois de que as coisas não deram certo, pedindo a Deus para remediar o que deveria ser diferente, mas se tivéssemos rezado antes, ponderado com discernimento, pedindo a iluminação de Deus, talvez muitas decisões teriam sido diferentes. Coloquemos Deus à frente de tudo, apresentemos a Ele nossas situações, nossas necessidades e as decisões importantes que temos que tomar. Ele nunca nos desampara.
<< Porque, de fato, o Senhor ama seu povo e coroa com vitória os seus humildes>> Sl 149, 3
11 setembro – Lc 6, 20-26
<< Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus>>
As bem-aventuranças são como o mapa que indica o caminho para a santidade, é o programa de vida para todo cristão, que deseja seguir coerentemente a Cristo. É de se notar que o Senhor chama de bem-aventurados não aqueles que vivem segundo as bem-aventuranças desse mundo egoísta, indiferente e injusto, mas exatamente o contrário. Bem-aventurados são os que, embora vítimas desse sistema excludente, têm sobre si o olhar amoroso de Deus, que não desampara quem a Ele recorre. Bem-aventurados são os que não se rendem à lógica desse mundo, mas insistem e resistem no caminho do amor.
<<Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que os antepassados deles tratavam os falsos profetas>> Lc 6, 26
12 setembro – Lc 6, 27-38
<< E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis?>>
Amar os inimigos, fazer o bem a quem nos odeia, abençoar quem nos amaldiçoa. Estes são alguns ensinamentos de Jesus aos que querem segui-lo. De fato, seguir a Cristo exige de nós uma mudança radical de mentalidade e de postura diante do outro. A pergunta de Jesus mostra bem isso: E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Para segui-lo é preciso abandonar a lógica do <<pagar na mesma moeda>>, não reproduzindo a mesma postura dos que nos fazem mal, mas romper o ciclo da violência. Nesse sentido, amar os inimigos não significa ignorar o mal cometido contra nós, nem mesmo ter uma postura passiva diante do que age com violência, mas neutralizar o mal com uma postura mais racional, ponderada, não alimentando o mal. E isso não exclui a necessidade de justiça, mas abre para nós a possibilidade da liberdade, não permitindo nos tornar refém do mal que escraviza o outro.
<<Senhor, vós me sondais e conheceis>> Sl 138, 1
13 setembro – Lc 6, 39-42
<<Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?>>
Uma das posturas mais equivocadas entre nós que professamos a fé é nos tornarmos juízes uns dos outros. Não é raro encontrarmos pessoas pretenciosas, que se dizem conhecedores da verdade, e por isso se sentem superiores aos outros, condenando tudo e todos. Esse, aliás, é um sintoma de que a verdade que brota da fé não o alcançou. Talvez, o medo de olhar para si mesmo, encarar as próprias fragilidades e incongruências, leve essas pessoas a chamarem a atenção para os outros, apontado o dedo e evidenciando os erros alheios. Como disse Jesus, são capazes de enxergar o cisco do olho do irmão, mas não consegue enxergar a trave que está no próprio olho. Esse tipo de postura é sutil e um bom jeito de identificar se estamos agindo assim, é perceber o modo como olhamos os outros e os pensamentos se arquitetam a partir daquilo que vemos. Cuidemos pra não cairmos em tentação.
<<Ai de mim se eu não pregar o Evangelho>> 1Cor 9, 16
14 setembro – Jo 3, 13-17 <<Exaltação da Santa Cruz>>
<<Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele>>
Hoje a Igreja celebra a festa da Exaltação da Santa Cruz. A cruz é o símbolo cristão mais conhecido por todo o mundo e em todos os tempos. Nela está condensada toda a história da nossa salvação, em que o Filho amado do Pai, no seu amor infinito por nós, entregou sua vida para nossa salvação. Na cruz, Jesus toma para si todo o nosso sofrimento, assumindo inclusive nossa morte, para que possamos, nele que venceu a morte, ressuscitar para a eternidade. Que o sinal da santa cruz nos lembre sempre que somos amados por um Deus apaixonado por nós, e cada vez que a olhamos ou traçamos seu sinal sobre nós, possamos tomar consciência do seu significado.
<<Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens>> Fl 2, 6
15 setembro – Mc 8, 27-35
<<Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga>>
Hoje é domingo, dia do Senhor! No evangelho, Jesus nos aponta o caminho para segui-lo: renunciar a si mesmo e carregar a nossa cruz. Esse não é um convite masoquista, que nos chama a buscar o sofrimento, mas uma proposta de seguimento que não nos aliena da realidade. A proposta cristã não é nos levar a uma experiência de fé que nos coloque num transe destacado da realidade, mas um chamado a encontrar Deus nos acontecimentos da história, inclusive nos mais difíceis. Tomar sobre si a cruz significa não alimentar fantasias sobre a realidade, mas acolhê-la para transformá-la. Claro, é mais fácil e conveniente espiritualizar tudo e não encarar a vida como ela é. Os discípulos de Jesus, quando ouviram ele falar de cruz o repreenderam. Queriam somente a manifestação do poder sobrenatural. Às vezes fazemos o mesmo. Mas Jesus ensina que não. Se queremos segui-lo, desprezar a realidade e a dureza da vida não é o caminho.
<<Assim também a fé: se não se traduz em obras, por si só está morta>> Tg 2, 17.
16 setembro – Lc 7, 1-10
<<Ordena com a tua palavra e o meu empregado ficará curado>>
Um oficial romano, bem visto pelos judeus, pede a eles que intercedam a Jesus, pedindo que ele possa curar seu empregado que estava em casa à beira da morte. Jesus então vai ao encontro do que estava morrendo. Enquanto estava no meio do caminho, alguns amigos do oficial encontram Jesus e diz que o oficial se desculpou por incomodá-lo e disse não ser digno de recebê-lo em sua casa, mas que Jesus dissesse apenas uma palavra, que seu empregado ficaria curado. Jesus se admira com a fé desse oficial, que no contexto judaico era considerado um pagão. Tamanha era a confiança dele na palavra de Jesus. Nós repetimos o que disse o oficial em todas as Missas, antes de recebermos Jesus Eucarístico: Senhor, eu não sou digno de entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e eu serei salvo. Que seja essa também a nossa fé e nossa confiança na palavra do Senhor.
<<Todas as vezes, de fato, que comerdes deste pão e beberdes desse cálice, estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha>> 1Cor 11,26
17 setembro – Lc 7, 11-17
<<Jovem, eu te ordeno, levanta-te!>>
Jesus está numa cidade chamada Naim. Lá encontra um cortejo fúnebre. Uma mãe, viúva, perde o seu único filho. Naquele contexto, a dignidade social da mulher está sempre vinculada ao pai, marido e ao filho homem. No caso relatado pelo evangelho, a mulher que já era viúva, perde também o filho. Poderíamos dizer que ali havia dois mortos, o jovem e sua mãe, que também morria socialmente. Jesus olha aquela cena, se aproxima do caixão e ordena ao que estava morto, que se levante. Ele se levanta e Jesus o entrega à sua mãe. O olhar de Jesus sobre nós, alcança o mais profundo da nossa existência. Nada passa despercebido. O seu amor nos resgata e nos devolve a dignidade que, por tantas situações de nossa vida, perdemos. Permita que o Senho te olhe. Escutemos sua voz, que nos ordena a ficarmos de pé.
<<Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo>> 1Cor 12, 27
18 setembro – Lc 7, 31-35
<<Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes>>
Jesus olha para geração de sua época e se lamenta, porque reconhece naquelas pessoas uma grande apatia. Se olhamos para nossa época, vivemos num tempo marcado também pela apatia, que possivelmente é filha da indiferença, que também é outro traço que caracteriza nosso tempo. Como é triste quando já não somos capazes de alimentar alguma esperança em tempos melhores, quando não sonhamos nem nos mobilizamos para enfrentar a vida e seus desafios. A graça de Deus nos socorre, mas é preciso permitir que ela possa agir em nós, suplicando todos os dias ao Espírito Santo reinflame em nós o Dom de Deus.
<<Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.>> 2Cor 13, 13
19 setembro – Lc 7, 36-50
<<Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz!>>
Jesus está à mesa, na casa de um fariseu. Lá aparece uma mulher conhecida como <<pecadora>>. Ela começa a lavar os seus pés e perfumá-lo. O fariseu olha aquela cena e logo sentencia, pensando que, se Jesus fosse um profeta, ele saberia quem é aquela mulher. Mas Jesus sabe quem ela é, e mesmo assim a acolhe. Nada pode impedir a manifestação do seu amor, nem o pecado. Na lógica do fariseu, Deus rejeita o pecador, mas na lógica divina de Jesus, Deus acolhe o pecador, porque só o amor é capaz de curar suas feridas e abrir para ele novos horizontes. Como diz o apóstolo Paulo, nada pode nos separar do amor de Cristo. Deus não desiste de nós!
<<Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!>> Sl 118, 1
20 setembro – Lc 8, 1-3
<<Os doze iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças>>
Na missão de Jesus é de grande importância a presença das mulheres, como nos mostra o evangelho de hoje. Elas o acompanharam de muitas formas, seja caminhando com ele, ou ajudando com recursos sua missão. Contudo, são elas que, no momento mais doloroso de sua vida, não o abandonaram, permanecendo junto à sua cruz, com Maria, sua mãe. Hoje também na missão da Igreja, as mulheres ocupam lugar de fundamental importância, sendo a maioria nos muitos trabalhos pastorais, missionários, catequéticos, coordenando projetos. Lá estão elas, servindo a Deus com empenho, responsabilidade e alegria, enfrentando inclusive preconceitos, que tentam apagar seu protagonismo. Deus seja louvado pelas mulheres que servem a Deus em nossa Paróquia. À todas elas nossa admiração e orações.
<<E se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vã e a vossa fé é vã também>> 1Cor 15, 14
21 setembro – Mt 9, 9-13
<<Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores>>
Hoje a Igreja celebra a festa do Apóstolo e Evangelista São Mateus.
Mateus trabalhava na coletoria de impostos em Cafarnaum, e como estava a serviço do império romano, era visto pelos judeus como pecador. Jesus o vê, vai até ele e o chama para segui-lo. Ele então segue a Jesus. Este encontro com Jesus impactou profundamente a vida de Mateus, que logo se apressou levar outros, também conhecidos como pecadores, para estarem com Jesus em sua casa. Uma postura acolhedora, sem julgamentos, capaz de enxergar no outro mais do que seus erros, é o melhor caminho para resgatá-lo das situações indignas que ele possa se encontrar. O julgamento afasta, cria animosidade, fecha as portas e elimina possibilidades de ajudar a quem precisa. O evangelho termina com essas palavras de Jesus: aprendei, pois, o que significa: quero misericórdia e não sacrifício. DE fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores.
<<Os céus proclamam a glória do Senhor, e o firmamento, a obra de suas mãos>> Sl 18, 2
22 setembro – Mc 9, 30-37
<<Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos>>
Hoje é domingo, dia do Senhor. No evangelho, Jesus está falando com seus discípulos sobre o seu caminho de cruz, como consequência da fidelidade a sua missão. Dizer o que diz, viver como vive Jesus não passa despercebido e muitos se incomodam, querendo eliminá-lo. Os discípulos não compreendem as palavras de Jesus, talvez não porque eram difíceis de entender, mas porque eles estavam ocupados discutindo sobre seus próprios interesses. Falavam sobre o poder, sobre quem seria o primeiro entre eles. Às vezes, nós também vivemos a fé a partir da dinâmica dos nossos interesses, sem dar ouvidos ao que diz o Senhor. Pinçamos do Evangelho o que nos interessa, e ignoramos o que nos desafia, criando um modo de seguir a Jesus que não leva em conta a necessidade de conversão. Aos discípulos e a nós o Senhor ensina: <<Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos>>. Sem escolher o caminho do serviço, talvez estejamos cultuando a nós mesmos e não ao Senhor.
23 setembro – Lc 8, 16-18
<<Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou coloca-la debaixo da cama>>
No evangelho de hoje, Jesus nos exorta ao testemunho da fé que professamos. Ele acendeu sua luz em nós, infundiu em nós, pelo batismo, o
Espírito Santo, de modo que esta graça precisa reluzir através do nosso modo de viver. A lâmpada acesa pela fé deve ser um luzeiro que também ilumina a vida dos outros, porque a fé não nos fecha em nós mesmos, mas nos coloca em direção aos outros, para que, a partir do nosso testemunho, eles possam também fazer a experiência do amor de Deus que ilumina toda escuridão. Não sejamos tímidos ao falar de nossa fé.
<<Não invejes o homem violento, e não escolhas nenhum de seus caminhos>> Pr 3, 31.
24 setembro – Lc 8, 19-21
<<Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática>>
No evangelho de hoje, vemos a multidão em torno de Jesus. Sua mãe e seus irmãos estão ali também, querendo vê-lo. A palavra de Jesus parece, num primeiro momento, desmerecer a presença de seus familiares: <<Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática>>. No entanto, o Senhor alarga a compreensão de familiaridade com ele. Não apenas os consanguíneos pertencem à sua família, mas todo aquele que ouve a Palavra de Deus e a pratica. Este é o melhor caminho para estarmos em comunhão com ele.
<<Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre, também há de clamar, mas não será ouvido>> Pr 21, 13
25 setembro – Lc 9, 1-6
<<Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa-nova e fazendo curas em todos os lugares>>
No evangelho do hoje, Jesus, depois de instruir seus discípulos, os envia, para que sejam para no mundo sinal de sua presença. Assim é a fé que professamos em Cristo. Não apenas o seguimos, mas também somos enviados por ele, para continuarmos sua obra de salvação, anunciado o Reino de Deus, curando as feridas do mundo, enfrentando corajosamente o mal, a violência e tudo aquilo que banaliza e deprecia a sacralidade da vida. Somos discípulos e discípulas do Senhor. Ele age no mundo através de nós. Deixemo-nos conduzir pelo seu Espírito, para que, tudo o que fizermos, façamos em nome do Senhor.
<<A Palavra de Deus é comprovada. Ele é um escudo para os que nele se abrigam>> Pr 30, 5
26 setembro – Lc 9, 7-9
<<Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas? E procurava ver Jesus>>
Herodes ouviu falar de Jesus e de tudo o que ele fazia. Ele quer saber quem é Jesus e deseja vê-lo. Certamente seu interesse não era como o das multidões que queriam ver Jesus, tocá-lo e ser curado por ele. Herodes tinha interesses maléficos. Nem todo mundo que fala de Jesus ou se interessa por ele, deseja segui-lo ou ser instruído por ele. Há muitos que falam de Jesus, há muitos pregadores por aí, cujo único interesse é ser beneficiado pela fé alheia, ou pior, instrumentalizar a fé para subjugar e controlar as pessoas. Jesus alerta para que tenhamos discernimento, porque há muitos maus pastores e lobos em pele de cordeiro. Fiquemos atentos!
<<Que a bondade do Senhor e nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza!>> Sl 89, 17
27 setembro – Lc 9, 18-22
<<Quem diz o povo que eu sou?>>
Jesus pergunta aos discípulos sobre o que diz o povo sobre quem ele é. São várias as respostas. Mas voltando-se aos seus discípulos, Jesus pergunta: e vós, quem dizeis que eu sou? Pedro, em nome dos doze responde: O Cristo de Deus. A resposta de quem vê de longe não pode ser a mesma da de quem convive com Jesus. A intimidade com ele nos ajuda a conhecê-lo melhor. Como está sua intimidade com o Senhor? Você tem organizado seu tempo para ter momentos de oração? Você lê todos os dias a Palavra de Deus? Não há intimidade na indiferença e na distância. É preciso priorizar o que dá sentido à nossa vida.
<<Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para tudo que acontece debaixo do céu>> Ecl 3, 1
28 setembro – Lc 9, 43-45
<<Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia>>
Às vezes, fechamos os nossos ouvidos às coisas que nos incomodam ou exigem enfrentamento. Jesus está falando aos discípulos sobre a cruz, mas eles não entendem, certamente porque a palavra é dura demais, e exige mudança de mentalidade e abandono das fantasias que criaram em torno de Jesus. Às vezes, buscamos na fé apenas conforto e abrigo nos momentos difíceis, e é justo que o façamos, mas é preciso também estarmos atentos e disponíveis para sermos exortados e corrigidos pelas palavras da fé. Deus é Pai que cuida, acalenta, mas também orienta e ensina.
<<Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo dia>> Sl 89, 14.
29 setembro – Mc 9, 38-48
<<Quem não é contra nós é a nosso favor>>
Hoje é domingo, dia do Senhor. No evangelho Jesus nos oferece dois ensinamentos importantes. Primeiro: É preciso cuidado para não monopolizar a Deus. Os discípulos estavam incomodados porque alguns que não pertenciam ao grupo dos discípulos estavam falando em nome de Jesus. Deus não pode ser contido por nós e por nossos grupos. O critério que revela a fidelidade a Jesus é se a fé nele é traduzida em serviço aos irmãos e irmãs. No segundo ensinamento Jesus alerta os discípulos e a nós sobre o cuidado para não escandalizar as pessoas com nosso mal testemunho, de modo que, é preciso arrancar de nossa vida o que nos leva ao pecado. Sem conversão não há verdadeiro testemunho.
<<E preservai o vosso servo do orgulho: não domine sobre mim!>> Sl 18, 14
30 setembro – Lc 9, 46-50
<<Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim>>
Os discípulos estão discutindo sobre quem dentre eles seria o maior. Jesus, a fim de ensiná-los, traz junto de si uma criança e diz a eles que quem receber uma criança em seu nome, estará recebendo a ele e também o Pai que o enviou. Quem não se coloca no caminho da humildade e do serviço não pode ser discípulo de Cristo, porque ele mesmo sendo Deus, como diz a Carta aos Filipenses, rebaixou-se, fez-se servo, de modo que, seguir a Cristo e aspirar pelo poder não se conjugam.
01 outubro – Lc 9, 51-56
<<Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?>>
Os discípulos vão até o território dos samaritanos para prepararem hospedagem para Jesus, porém os samaritanos não quiseram recebê-lo. Os discípulos então, enfurecidos, pergunta a Jesus: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? Jesus os repreende. A tentação do orgulho e da vaidade religiosa às vezes nos leva a atitudes e pensamentos que não condizem com o Evangelho. Não poucas vezes a violência, verbal, cheia de preconceitos, e até mesmo física, é utilizada como forma irracional de defesa da fé. Deus não precisa ser defendido por nós. A nós cabe apenas testemunhar seu amor como a melhor forma de expressão de nossa fé.
02 outubro – Mt 18, 1-10
<<os anjos nos céus vêem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus>>
Hoje celebramos a festa dos Santos anjos da guarda. Deus, de muitas formas, cuida de nós. Ele nos envia seus anjos para nos guardar pelo caminho da vida e para que não sejamos dominados pelo mal, que insiste em nos tirar do caminho do amor. Que os Santos anjos de Deus nos guardem e nos protejam de tudo o que nos separa do Senhor, para que também nós, a semelhança dos anjos, possamos fazer de nossa vida, uma constante louvação a Deus.
<<Pois o Senhor deu uma ordem para os seus anjos para em todos os caminhos te guardarem>> Sl 90, 11
03 outubro – Lc 10, 1-12
<<Eis que vos envio como cordeiros para o meio dos lobos>>
Jesus chama outros setenta e dois discípulos para a missão. Os orienta a seguirem o caminho de forma despojada, livre, trazendo consigo apenas o feliz anúncio de paz e de que o Reino de Deus está próximo. Hoje somos nós os enviados para a missão. Mas poderíamos nos perguntar: para onde me envia o Senhor? Ele te envia para os lugares onde você já frequenta, sua casa, seu trabalho, escola, universidade, lugares de lazer, aos seus amigos…é nestes lugares que o Senhor quer que anunciemos sua Palavra e que sejamos expressão seu amor, de sua compaixão e misericórdia. Diga hoje ao Senhor: Eis-me aqui, envia-me!
<<Eu sei que o meu redentor está vivo[…] e na minha carne verei a Deus>> Jó 19, 25
04 outubro – Lc 10, 13-16
<<Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos rejeita, a mim despreza>>
Jesus reprova as cidades de Corazin e de Betsaida, onde ele realizou muitos milagres, mas que mesmo assim seus habitantes não se voltaram a ele. Certamente se encantaram pelos sinais realizados, mas não abriram o coração para receberem o autor dos milagres. O que queremos de Deus? Será que o vemos apenas como um <<gênio da lâmpada>>, ao qual solicitamos apenas quando precisamos dos seus feitos, mas não o queremos acolher em nossa vida? O maior milagre que Deus deseja realizar em nós é transformar o nosso coração para que seja semelhante ao coração de seu Filho Jesus, e para isso, precisamos abrir as portas e deixar que ele faça morada em nós.
<<Senhor, vós me sondais e conheceis>> Sl 138, 1
05 outubro – Lc 10, 17-24
<<Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes aos pequeninos>>
Os setenta e dois discípulos retornam da missão testemunhando a Jesus o que, em nome dele, fizeram. Eles estão satisfeitos com tudo o que aconteceu. Jesus então exulta no Espírito Santo e proclama: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes aos pequeninos. DE fato, seus discípulos não pertenciam às elites religiosas, nem eram eloquentes e entendidos, mas eram dóceis a graça de Deus. Confiaram em Deus e não neles mesmos, e assim, puderam contemplar as obras de Deus e também realiza-las. A arrogância e a soberba nos cegam para ver o que Deus realiza em nós, mas a humildade nos leva à contemplação do extraordinário.
<<Reconheço que podes tudo e que para ti nenhum pensamento é oculto>> Jó 42, 1
06 outubro – Mc 10, 2-16
<<O que Deus uniu, o homem não separe>>
Hoje é domingo, dia do Senhor. No evangelho, Jesus é interpelado pelos fariseus sobre a licitude do divórcio. A questão é complexa e exige uma resposta que não seja apenas sim ou não, e é o que faz Jesus, que retoma a motivação fundamental do casamento, trazendo à tona a unidade que o amor constrói sob a bênção de Deus. O vínculo do matrimônio é graça sacramental, mas é também esforço diário, atenção aos detalhes, cuidado recíproco, escuta atenta, sensibilidade ao outro. A dureza do coração, como diz Jesus, motiva afastamento e indiferença, e nenhum amor sobrevive a isso. Que a Sagrada Família de Nazaré abençoe e sustente nossas famílias.
<<Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne>> Gn 2, 24.
07 outubro – Lc 1, 26-38
<<Nossa Senhora do Rosário>>
<<Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra>>
Hoje a Igreja celebra a invocação de Maria como Nossa Senhora do Rosário. O evangelista Lucas nos apresenta o momento da anunciação do anjo a Maria. Ela é a cheia de graça, escolhida para ser a mãe do Salvador. Maria se coloca inteiramente disponível a Deus, fazendo-se serva da vontade divina. Ela é para nós modelo de entrega e de docilidade à palavra de Deus, permitindo que ela realize em sua vida a vontade do Senhor. Um jeito bonito de viver a Palavra e medita-la todos os dias é através a oração do Rosário, em que contemplamos em cada mistério, a vida do Senhor, junto com Maria, que nos acompanha.
<<Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus>> Lc 1, 30
08 outubro – Lc 10, 38-42
<<Marta, Marta, tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas>>
Jesus vai à casa de suas amigas Marta e Maria, irmãs de Lázaro. Maria o acolhe, e sentada aos seus pés, ouve sua palavra. Marta, porém, está agitada com muitos afazeres. Ela vê Maria junto a Jesus e reclama, porque ela não está partilhando da mesma agitação. Não parar, não saber descansar, pode nos levar à perda de sentido do que fazemos. Tem se multiplicado freneticamente, nesses tempos, os transtornos mentais e as doenças físicas causados pelos excessos. Infelizmente, quem não sabe parar, um dia será parado, da pior forma. Faça algumas pausas durante o dia, mesmo que curtas. Sem celular, redes sociais…respire, faça uma simples oração, sinta seu corpo, perceba-se vivo e agradeça a Deus por isso.
<<Até o mais íntimo, Senhor, me conheceis>> Sl 138, 14
09 outubro – Lc 11, 1-4
<<Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome>>
Os discípulos pedem a Jesus que ele os ensine a rezar. Jesus então ensina-lhes a oração do Pai-nosso. Possivelmente esta uma das primeiras orações que aprendemos na vida, e a repetimos constantemente. Mas você já se deu conta do que está rezando? Já percebeu o sentido dessa oração e o que ela nos ensina? O Pai-nosso é a oração da confiança, de quem se coloca diante de Deus acolhendo sua vontade, na terra e no céu, permitindo que reinado de Deus em nós. É também a oração que nos ensina a ponderação, a busca pelo suficiente e necessário, sem exageros e cumulação: dai-nos Senhor o pão nosso de cada dia! No Pai-nosso pedimos perdão, mas também pedimos a graça de perdoar quem nos ofendeu e também contamos com a proteção divina, para que nos ajude a lutar contra as tentações, nos livrando de todo mal.
<<O que nos recomendaram foi somente que nos lembrássemos dos pobres>> Gl 2, 10
10 outubro – Lc 11-5-13
<<Pedi e recebereis, procurais e achareis, batei e vos será aberto>>
Jesus continua a ensinar os discípulos sobre a oração. No evangelho de hoje, com a parábola do amigo importuno, Jesus ensina a perseverar na oração, insistir, não desistir e confiar, porque Deus, que é Pai, que conhece as nossas necessidades e escuta o nosso clamor, não nos deixará desamparados e nos dará o que mais precisamos: O Espírito Santo, o dom que vem do alto para habitar em nossa vida, para que, nas lutas de todos os dias, nas alegrias e nas aflições, nunca nos sintamos sozinhos, mas acompanhados por Aquele que luta conosco e nos ajuda a vencer. Não desista de rezar!
<<Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque a seu povo visitou e libertou!>> Lc 1, 68
11 outubro – Lc 11, 15-26
<<Todo reino dividido contra si mesmo será destruído>>
Jesus é acusado de expulsar o demônio em nome de Belzebu, o príncipe dos demônios. Jesus explica que, quando as forças equivalentes se opõem, ela se destrói. Ele diz: Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. No entanto, afirma: se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, o Reino de Deus chegou para vós. Santo Agostinho dizia que o demônio é como um cão amarrado, ele foi vencido pelo Cristo, crucificado, morto e ressuscitado, e só é mordido por ele, quem dele se aproxima. O Reino de Deus chegou para nós, o Senhor venceu o mal, mas é preciso também se afastar do mal e deixar Deus Reinar em nós. O demônio só tem poder sobre nós com a nossa permissão.
<<Pela Lei ninguém se justifica perante Deus; isso é evidente porque o justo vive da fé>> Gl 3, 11
12 outubro – Jo 2, 1-11 <Nossa Senhora Aparecida>>
<<Fazei tudo o que ele vos disser>>
Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. No Evangelho, Jesus está numa festa de casamento. Sua mãe também estava lá. Ela percebe que falta o vinho. Ela tem um olhar atento para as necessidades humanas e pede ao seu filho que atue naquela realidade, transformando a água em vinho novo da alegria. Maria é para nós sinal do cuidado de Deus, e como mãe, pede com insistência pela necessidade de seus filhos. Ela também é educadora da nossa fé, nos apontando o caminho para nosso crescimento espiritual: fazei tudo o que ele vos disser. Que Nossa Senhora Aparecida nos cubra com seu manto e nos ajude a cada dia fazer a vontade do Senhor.
<<Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas>> Ap 12, 1
13 outubro – Mc 10, 17-30
<<Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus>>
Alguém vai até Jesus com o sincero desejo de ganhar a vida eterna e pergunta qual o caminho. Jesus aponta para os mandamentos. A pessoa diz que já os cumpre. Então Jesus indica a necessidade do desapego, para que a vida possa estar disponível para Deus. Quando ouviu isso, fica triste e vai embora. Ele era muito rico, e não conseguia se desapegar de tudo o que tinha. Onde está nossa verdadeira riqueza? Onde está o nosso coração? Quais são nossas prioridades? As coisas que temos nos são úteis, nos servem, assim também o dinheiro, mas quando não conseguimos nos ver sem elas, acontece o inverso, nós as servimos, porque o domínio já não é nosso, mas das coisas que temos. O desapego é a capacidade de ser livre, de compreender o próprio valor, independente das coisas. É um caminho difícil, mas possível.
<<Que a bondade do senhor e nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza>> Sl 89, 17
14 outubro – Lc 11, 29-32
<<Nenhum sinal será dado a esta geração, a não ser o sinal de Jonas>>
Jesus fala às multidões, dizendo que esta geração busca sinais, milagres, mas somente um sinal será dado: o sinal de Jonas, que é a penitência, como forma de reconciliação com Deus. Às vezes fazemos da fé cristã um mercado onde conseguimos graças, diminuímos o valor da vida dos santos, atribuindo a cada um uma espécie de <<especialidade>> de atuação. Buscamos incessantemente as graças que Deus pode nos conceder, mas nem sempre buscamos a Deus. É legítimo que apresentemos ao Senhor nossas necessidades e supliquemos suas graças, mas o mais importante da oração é o nosso encontro com Ele, é o sustento que experimentamos quando repousamos nossa cabeça no seu peito. Pode ser que o que pedimos não nos seja dado, mas nunca seremos desamparados na oração. Deus nunca é indiferente a nós.
<<É para a liberdade que Cristo nos libertou>> Gl 5,1
15 outubro – Lc 11, 37-41
<<Vós fariseus limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubo e de maldades>>
Jesus está na casa de um fariseu. À mesa o fariseu se incomoda porque Jesus não havia lavado as mãos, como forma ritual de purificação. Jesus então responde ao fariseu: <<Vós fariseus limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubo e de maldades>>. Os gestos rituais precisam ser acompanhados por uma adesão interior. De que vale purificar as mãos, mas arquitetar no coração todo tipo de maldade? De que valem os ritos, se eles não alcançam o nosso interior? A fé cristã exige de nós coerência e integração da vida com a fé. Deixemos que o Senhor transforme o nosso coração.
<<Com efeito, em Jesus Cristo, o que vale é a fé agindo pela caridade>> Gl 5, 6
16 outubro – Lc 11, 42-46
<<Ai de vós mestres da Lei, porque colocais sobre os homens cargas insuportáveis, e vós mesmos não tocais nessas cargas, nem com um dedo>>
No Evangelho de hoje, Jesus fala aos fariseus e mestres da Lei, condenando suas práticas. Jesus fala do formalismo religioso, que se apega aos detalhes, mas ignora o mandamento de Deus. Também aponta para a hipocrisia de querer ser aplaudido pelos outros, ao invés de compreenderem o cargo que ocupam como serviço às pessoas. Por fim, os acusa de criar fardos pesados, estimulando sentimento de culpa nas pessoas, mas incapazes de fazerem tudo o que obrigam os outros a fazerem. De fato, uma pregação religiosa que foca muito mais no pecado do que na graça, na condenação do que na misericórdia, corre o risco de ser desmascarada e ter a sua hipocrisia revelada. Deus não nos fez juízes uns dos outros, por isso, antes de olharmos para pecado alheio, ou apontarmos o dedo para os erros dos outros, é melhor que nos voltemos para a nossa necessidade de conversão.
<<Se vivemos pelo Espírito, procedamos também segundo o Espírito, corretamente>> Gl 5, 25
17 outubro – Lc 11, 47-54
<<Ai de vós, mestres da Lei, porque tomastes a chave da ciência>>
Jesus continua a falar aos fariseus e mestres da Lei, desmascarando sua hipocrisia. Os acusa de privarem as pessoas do conhecimento da Lei de Deus, na pretensão de serem donos da sabedoria. Não ajudam, com o conhecimento que possuem da fé, levem as pessoas a encontrarem o caminho de Deus, mas fazem desse conhecimento como que um privilégio, que ao invés de abrir as portas para a comunhão com Deus, se torna apenas um elemento que estimula a vaidade. O conhecimento da fé deve ser uma luz para ajudar os outros a encontrarem o caminho de Deus.
<<Pelo seu sangue, nós somos libertados>> Ef 1, 7
18 outubro – Lc 10, 1-9
<<São Lucas Evangelista>>
<<A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos>>
Hoje a Igreja celebra a festa do evangelista São Lucas, autor do evangelho que leva seu nome e dos Atos dos Apóstolos. Segundo a tradição, Lucas era médico e foi colaborador com a obra apostólica de São Paulo. No evangelho, Jesus escolhe setenta e dois discípulos e os envia em missão e afirma que a messe é grande, mas os trabalhadores são poucos, por isso, é preciso pedir ao dono da messe que envie mais trabalhadores. O Senhor deseja que ouçamos o seu chamado e que nos coloquemos em caminho, para anunciar seu evangelho do amor e da misericórdia, e nos pede que rezemos ao Pai, para que Ele suscite no coração de muitas outras pessoas, o chamado para o serviço aos irmãos e irmãs.
<<Mas o Senhor esteve ao meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações>> 2 Tm 4, 17
19 outubro – Lc 12, 8-12
<<Pois nessa hora o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer>>
Não estamos sozinhos em nossas batalhas, não enfrentamos as dificuldades contando apenas com nossas forças, mas o Senhor luta conosco, e quando nossa fragilidade falar mais alto, sua força será nosso distintivo. No evangelho de hoje ele nos assegura que, quando nos faltarem as palavras diante de quem nos acusa indevidamente ou que atentam contra nós, o próprio Espírito Santo nos ensinará o que dizer, inspirando nossas palavras e ações, para que, também no enfrentamento, possamos dar um verdadeiro testemunho de que somos de Cristo.
<<Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual esperança que o seu chamamento vos dá>> Ef 1, 18
20 outubro – Mc 10, 35-45
<<O Filho do Homem veio para dar sua vida como resgate para muitos>>
Os discípulos Tiago e João fazem um pedido a Jesus: eles querem lugar de destaque e poder ao lado de Jesus. Certamente ainda não haviam compreendido a proposta de Jesus, nem aprendido o suficiente com o modo como Jesus vivia. Jesus o ensina que, quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos, porque o verdadeiro poder está em servir e dar a vida, assim como ele, que mesmo sendo Deus, não se colocou acima, mas no meio das pessoas, servindo-as.
<<Com efeito, temos um sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo, com exceção do pecado>> Hb 4, 14-16
21 outubro – Lc 12, 13-21
<<E para quem ficará o que tu acumulaste?>>
No evangelho de hoje, Jesus conta uma parábola em que um homem se orgulha de si mesmo, por te acumulado muitos bens. Ele se sente seguro e satisfeito com tudo o que tinha, no entanto, a morte se avizinha e Deus lhe faz uma pergunta: para quem ficará o que tu acumulaste? Nós costumamos dizer: para o túmulo não se leva nada. É isso. O texto termina com uma sentença: assim acontece com quem acumula tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus. Certamente o que levamos dessa vida é tudo aquilo que não pode ser precificado, mas que tem valor eterno. O que você tem acumulado?
<<Mas Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas, ele nos deu a vida em Cristo>> Ef 2, 4
22 outubro – Lc 12, 35-38
<<Que os vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas>>
No Evangelho de hoje, o Senhor nos exorta a nos mantermos vigilantes, pois não sabemos nem o dia nem a hora em que nos encontraremos com Ele. Não podemos ser displicentes com nossa vida, não podemos viver como se não houvesse amanhã, ou como se não fossemos responsáveis pelo plantio, e consequentemente, pela colheita. A esperança de nos encontrarmos com o Senhor, no final dessa vida, deve ser traduzida em atitudes responsáveis ao longo de nossa existência nesse mundo.
<<Sois da família de Deus>> Ef 2, 19
23 outubro – Lc 12, 39-48
<<A quem muito foi dado, muito será exigido>>
No evangelho de hoje, o Senhor continua a nos exortar sobre a vigilância. Não sabemos quando será o nosso encontro definitivo com Ele, de modo que é preciso estarmos preparados. Ele também nos chama à maturidade, dizendo que a quem muito foi dado, muito será pedido, e a quem muito foi confiado, muito será exigido. Nós que o conhecemos, não podemos viver como se não o conhecêssemos, de modo que, se nos foi dado a graça de conhecer o seu Evangelho, de professarmos a fé, nos será exigido o equivalente. É uma alegria ser cristão, mas é também uma grande responsabilidade.
<<Em Cristo, nós temos, pela fé nele, a liberdade de nos aproximarmos de Deus com toda confiança>> Ef 3, 12
24 outubro – Lc 12, 49-53
<<Vim trazer a divisão>>
No Evangelho de hoje, Jesus fala aos discípulos usando palavras bastante duras, afirmando que não veio trazer a paz, mas divisão. Essas palavras não parecem estar de acordo com o que geralmente ouvimos dele, no entanto, se refletirmos um pouco mais, percebemos o sentido do que ele quer dizer. Pra segui-lo com fidelidade, é preciso que haja algumas cisões, é preciso romper com estruturas e mentalidades que nos afastam do caminho que ele nos propõe. Em outro momento ele diz que não basta dizer <<Senhor, Senhor>> para entrar no Reino dos céus, mas fazer a vontade do Pai, ou seja, não basta sermos devotos, precisamos ser discípulos.
<<Pois reta é a Palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé>> Sl 32, 4
25 outubro – Lc 12, 54-59
<<Vós sabeis interpretar os aspectos da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?>>
Com nossos olhos cada vez mais voltados para as telas dos celulares e com o nosso coração cada vez mais fechados para o outro, perdemos a capacidade de perceber os sinais que Deus nos dá através dos acontecimentos da história. Jesus exorta as multidões a perceberem os sinais dos tempos, não com um olhar fatalista, mas com a delicadeza de quem consegue perceber o extraordinário de Deus nas coisas mais simples. Entretidos com tantas distrações, perdemos muitas oportunidades de ver a Deus nos detalhes da vida.
<<Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos>> Ef 4, 5
26 outubro – Lc 13, 1-9
<<Mas se vós não vos converterdes>>
No Evangelho de hoje Jesus nos fala da necessidade de conversão. Mas afinal, o que significa a conversão? Possivelmente, em senso comum, entendemos conversão como alguma coisa no sentido de se voltar à religião. Alguém se converteu porque passou a frequentar uma Igreja. No entanto, conversão é mais do que isso. Não basta a pertença a uma Igreja, mas o acolhimento interior do Evangelho de Cristo e deixar-se educar por Ele, de modo que, a nossa vida vá aos poucos, adquirindo seus traços mais evidentes como amor, misericórdia e compaixão pelos outros. E aqui está o que é mais importante neste processo de conversão. Sem aprender com Jesus essas práticas, apenas frequentar Igreja não é suficiente para se dizer num caminho de conversão.
<<Motivados pelo amor, queremos ater-nos à verdade e crescer em tudo até atingirmos aquele que é a Cabeça, Cristo>> Ef 4, 15
27 outubro – Mc 10, 46-42
<<Mestre, que eu veja>>
Jesus está passando por Jericó. Um cego de nome Bartimeu fica sabendo que Jesus está passando e grita a ele com insistência. Jesus para e pede para que tragam Bartimeu até ele e lhe faz uma pergunta: o que queres que eu te faça? Poderíamos pensar, não seria óbvio qual era o desejo do cego? Por que perguntar? A oração é também uma oportunidade de percebermos o que se passa dentro de nós, de reconhecimento de nossas fragilidades e nossas faltas. Jesus diz que, antes mesmo que nossa boca diga ao Pai de nossas necessidades, ele já as conhece, porém, será que realmente conhecemos o que precisamos? Pode ser que, às vezes, a gente insista em pedir algo a Deus, sem nos darmos conta de que precisamos ou não. Às vezes Deus não nos dá como uma forma de livramento, e é com o tempo que vamos perceber. Por isso, ao pedir a Deus, é necessário que também nos escutemos.
<<Chorando de triste sairão, espalhando suas sementes; cantando de alegria voltarão, carregando os seus feixes!>> Sl 125, 6
28 outubro – Lc 6, 12-19
Hoje a Igreja celebra a festa dos Apóstolos São Simão e São Judas Tadeu. No Evangelho de hoje, Jesus sobe a montanha para rezar e passa a noite inteira em oração. Ao amanhecer, ele chama os seus discípulos e entre eles escolhe doze, que serão chamados de Apóstolos. Vejam só, antes de uma decisão importante, que traria consequências para sua missão, Jesus reza intensamente. Assim deveria também acontecer conosco. A oração abre nosso coração e nossa mente e a inspiração do Espírito Santo nos ajuda a discernir sobre as decisões que temos que tomar. Às vezes, deixamos para rezar depois de uma decisão equivocada, e se tivéssemos rezado antes, ponderado, discernido, pedido as luzes do Espírito Santo, talvez teríamos feito diferente. Coloque Deus à frente de suas decisões e perceba, nos sinais que ele dá, o caminho a ser seguido.
<<Seu som ressoa e se espalha em toda terra, chega aos confins do universo a sua voz>> Sl 18, 5
29 outubro – Lc 13, 18,21
<<A semente cresce e torna-se uma grande árvore>>
No Evangelho de hoje, Jesus está falando sobre o Reino de Deus, e ele o compara com uma semente lançada à terra. A semente é minúscula, mas carrega em si toda a potencialidade para se tonar uma grande árvore. Assim também o Reino de Deus vai se tornando visível a nós. Um pequeno gesto de amor, uma ajuda, por menor que seja, ao que precisa, um pouco mais de paciência com quem não está bem e de repente nos irrita, uns minutos que dedicamos a quem precisa falar, um abraço…pequenos gestos que trazem consigo a potencialidade do Reino de Deus.
<<Irmãos, a vós que temeis a Cristo, sede solícitos para com os outros>> Ef 5, 21
30 outubro – Lc 13, 22-30
<<Fazei todo esforço para entrar pela porta estreita>>
Alguém pergunta a Jesus: Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam? Jesus responde: Fazei todo esforço para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo, muitos tentarão entrar e não conseguirão.
Há uma porta aberta, mas essa porta é estreita, exige esforço. A salvação é, acima de tudo, graça de Deus, dom gratuito oferecido a nós, porque o desejo de Deus é a nossa salvação, porém a graça supõe a natureza, ou seja, para atuar em nós, é preciso que façamos a nossa parte, não que Deus não seja capaz de nos salvar sem participação, mas o esforço que fazemos para viver coerentemente com o Evangelho que acreditamos, é sinal do que queremos, é o nosso sim ao que Deus quer nos oferecer.
<<O Senhor é amor fiel em sua palavra, é santidade em toda obra que ele faz>> Sl 144, 13
31 outubro – Lc 13, 31-35
<<Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas>>
As autoridades civis e religiosas sempre se sentiram incomodadas com a postura, os gestos e as palavras de Jesus. Querem calá-lo e impedi-lo de atuar. A coerência de Jesus, em que palavras e gestos não se contradizem e seu sentido de justiça, de misericórdia, ameaçava as estruturas corruptas do Império e da religião. Certamente, cria menos conflitos aquele que se adapta, que aceita tudo, que se deixa corromper, que normaliza o absurdo, que se cala diante da injustiça. No entanto, aqueles que se mantêm numa vida coerente, mesmo que não digam nada, serão sempre uma ameaça ao status quo. É tentador deixar-se corromper, para viver em <<paz>>, mas é salvador manter-se no caminho reto. A decisão é nossa.
<<Cingi vossos rins com a verdade, revesti-vos com a couraça da justiça e calçai os vossos pés com a prontidão em anunciar o Evangelho>> Ef 6, 13